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EUA e Rússia rompem tratado histórico de desarmamento nuclear após troca de acusações

Os Estados Unidos e a Rússia encerraram nesta sexta-feira (2) o tratado de desarmamento nuclear INF, um dos principais acordos de armas entre Moscou e Washington. O fim do compromisso, assinado no final da Guerra Fria, reacende o medo de uma corrida armamentista entre as potências mundiais.

O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente americano, Donald Trump, no Vietnã, em novembro de 2017.
O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente americano, Donald Trump, no Vietnã, em novembro de 2017. REUTERS/Jorge Silva/
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O Tratado de Armas Nucleares de Alcance Intermediário (INF, sigla em inglês), de 1987, limitava o uso de mísseis de alcance intermediário (500 a 5.500 km), tanto convencionais quanto nucleares. Meses atrás as duas partes indicaram sua intenção de se retirar do acordo, trocando acusações de quebra dos termos do pacto.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, anunciou a retirada formal de Washington em um comunicado em um fórum regional em Bangcoc, minutos após a Rússia ter declarado o fim do tratado.

"A Rússia é a única responsável pelo fim do tratado", disse Pompeo em um comunicado ao final de uma reunião de ministros das Relações Exteriores da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Pouco antes do anúncio de Pompeo, o ministro russo das Relações Exteriores disse em Moscou que o tratado havia terminado "por iniciativa dos Estados Unidos". O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, também pediu aos Estados Unidos que implementem uma moratória sobre a implantação de mísseis nucleares de alcance intermediário depois de deixar o INF.

Washington acusou a Rússia durante anos de desenvolver um novo tipo de míssil, o 9M729, alegando que violava o tratado, uma posição apoiada pela Otan. O míssil em questão tem um alcance de cerca de 1.500 km, segundo a organização. Mas Moscou garante que só pode percorrer 480 km.

Em reação ao fim do tratado, a Aliança Atlântica expressou seu temor com o fim do cumprimento do compromisso pelas duas partes. "Nós não queremos uma nova corrida armamentista, mas vamos garantir que a nossa dissuasão seja crível" diante da implantação do novo sistema de mísseis russo, anunciou seu secretário-geral, Jens Stoltenberg.

Controle de armas nucleares

Assinado em 1987 pelo então presidente americano Ronald Reagan e pelo líder soviético Mikhail Gorbachev, o tratado INF foi considerado a pedra angular da arquitetura global do controle de armas.

No entanto, para o atual governo dos Estados Unidos, o pacto deu a outros países - principalmente à China - uma carta branca para desenvolver seus próprios mísseis de longo alcance. Washington acusou diversas vezes a Rússia de violações.

Pompeo assegurou nesta sexta-feira que os Estados Unidos "estão em busca de uma nova era de controle de armas que vá além dos tratados bilaterais do passado" e pediu que Pequim participe das discussões. "Os Estados Unidos conclamam a Rússia e a China a se unirem a nós nesta oportunidade para oferecer resultados reais de segurança a nossas nações e ao mundo inteiro", disse ele.

O INF era considerado como um dos dois principais acordos de armas entre Moscou e Washington. O outro é o novo tratado Start, que mantém os arsenais nucleares dos dois países bem abaixo do pico da Guerra Fria. O pacto expira em 2021 e parece haver pouca vontade política por parte dos dois países em renová-lo.

A China também rejeitou os pedidos dos Estados Unidos para se juntar ao Start no futuro.

(Com informações da AFP)

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