ONG Human Rights Watch denuncia desvio de ajuda humanitária na Síria
A ONG Human Rights Watch (HRW) publicou um alerta nesta sexta-feira (28) denunciando o regime sírio por desviar fundos humanitários destinados à reconstrução do país. Organização alerta para a possibilidade de os doadores estarem sendo “cúmplices" do governo, que atua contra os direitos humanos.
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De acordo com o relatório da HRW, o governo sírio manipula a “enorme quantidade de ajuda humanitária fornecida ao país”. “Francamente, trata-se da operação mais sofisticada que já vimos”, declarou o diretor geral da ONG, Kenneth Roth. “Os fundos são desviados para os próximos do governo e para longe das pessoas mais necessitadas, que vivem em áreas controladas pela oposição.”
Oito anos após o começo da guerra na Síria, o regime do presidente Bachar al-Assad controla cerca de 60% do território. A HRW recomendou em seu documento os investidores, ONGs e agentes da ONU a tomar precauções e verificar se seus programas de ajuda não consolidam as políticas repressivas do regime sírio e não contribuem a graves violações dos direitos humanos.
“Ainda que benéficas na aparência, as políticas de ajuda humanitária e de reconstrução do governo sírio são elaboradas para punir a suposta oposição e recompensar seus aliados”, advertiu Lama Fakih, diretora-adjunta da HRW para o Oriente Médio. “Os doadores devem tomar cuidado.”
Doações que terminam “nos bolsos do governo”
O relatório de 94 páginas, intitulado “Rigging the System”, explica como as ONGs humanitárias se conformam às condições impostas por Damas para garantir a perenidade de suas atividades. Segundo Kenneth Roth, uma grande parte dessa ajuda “acaba nos bolsos dos representantes governamentais e uma parcela dos dons financia as forças de segurança que são, elas mesmas, responsáveis pela crise humanitária, que torturam, sequestram e matam civis.”
O documento foi baseado em entrevistas com voluntários, doadores, especialistas e beneficiários, assim como dados disponíveis ao acesso público. O relatório traz uma lista de ações que colocam a ajuda humanitária em risco: acesso controlado das doações, contratação de parceiros voluntários pré-aprovados pelo governo e restrição de denúncias de atentados contra os direitos humanos.
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