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Eleição de Bolsonaro é prova da influência da onda evangélica no mundo, escreve Libération

Na resenha da imprensa francesa desta sexta-feira (17) destaque para uma reportagem especial do Libération sobre os evangélicos no mundo: “Quando a fé faz a lei.” O jornal progressista faz um panorama da situação de Washington a Seul, passando por Brasília, onde o forte lobby dos evangélicos cresceu muito nos últimos anos e funciona.

Capa com a reportagem especial de Libération sobre os evangélicos no mundo: "quando a fé faz a lei".
Capa com a reportagem especial de Libération sobre os evangélicos no mundo: "quando a fé faz a lei". RFI
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O jornal progressista usa como exemplo a severa lei sobre o aborto, adotada nesta semana no Alabama, para falar da influência "preocupante" dessas "igrejas conservadoras" em vários países do mundo. “Deus como o grande guia da política” é o grande sonho dos evangélicos, principalmente os mais conservadores. E em alguns países este sonho está virando realidade, constata o jornal.

Nos Estados Unidos, a presidência de Trump é uma época abençoada para os lobistas da bíblia. Vários conselheiros do presidente americano são adeptos da "revolução teoconservadora". O mais famoso deles, é o vice-presidente Mike Pence, um ex-católico que se converteu na juventude ao protestantismo.

Libération diz que a era Trump revela um certo paradoxo. Nunca os hábitos de um presidente, divorciado duas vezes e que frequenta a igreja mais por oportunismo do que por fé, se afastou tanto dos valores cristãos conservadores. Mas ao mesmo tempo, nunca a influência da direita religiosa foi tão marcante nos pais.

Movimento pentecostal faz Igreja Católica vacilar

A corrente protestante mais ofensiva é a pentecostal, a renovação evangélica que surgiu em 1906 na Califórnia. O movimento pentecostal vive uma expansão mundial que faz vacilar a Igreja Católica em seus redutos tradicionais, como na América Latina onde ele é um fenômeno, informa a reportagem.

Mesmo se os Estados Unidos são o navio-almirante, países como o Brasil se transformaram em potências missionarias, suplantando há cerca de 15 anos as missões de evangelização americanas enviadas aos quatro cantos do planeta. Na América Latina, a influência política pentecostal e evangélica , religiões que representam entre 15% e 40% da população de acordo com o pais, é visível.

“O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”

A eleição do brasileiro Jair Bolsonaro, em 28 de outubro do ano passado, é, na opinião de Liberation, “a demonstração clara do poder político conquistado pelos cristãos conservadores no Brasil”. O texto lembra o lema de campanha de Bolsonaro, “o Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, e diz que mesmo se o presidente brasileiro de extrema direita se diz católico, sua mulher frequenta uma igreja evangélica.

Para sua vitória, o brasileiro se beneficiou do apoio importante de Edir Macedo, o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, um império colossal midiático-religioso pentecostal, fundado em 1977, que reivindica oito milhões de adeptos e está presente até na França. Libération ressalta que apesar de seu sucesso, a Universal é contestada pelo evangélicos de esquerda, principalmente devido a promoção que ela faz da "teologia da prosperidade", que permitiu o enriquecimento dos pastores e o incentivo a um liberalismo econômico desenfreado.

Jerusalém

Nesses movimentos religiosos, que também prosperam na Coreia do Sul, a política não existe sem teologia. Em dezembro de 2016, eles obtiveram um triunfo com a decisão de Donald Trump de transferir para Jerusalém a embaixada dos Estados Unidos em Israel.

“Na ideologia e no imaginário político desses cristãos, Israel ocupa um lugar central, essencialmente por razões teológicas e escatológicas”, analisa o artigo. Como eles acreditam no fim do mundo, eles esperam a volta de Cristo “que só retornará, segundo a crença, se todos os judeus estiverem em Israel.” Isso explica, segundo Libération, “a apoio incondicional dos protestantes evangélicos ao Estado Hebreu e a vontade deles de influir, cada vez mais, sobre a geopolítica mundial”.

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