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Coreia do Norte/Testes

Coreia do Norte garante que fez teste de 'ataque de longo alcance'

A agência de notícias estatal norte-coreana (KCNA) informou nesta sexta-feira (10) que o teste realizado ontem pelo país foi de um "ataque de longo alcance". A simulação foi ordenada pelo líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, garantiu a KCNA horas após a Coreia do Sul revelar que um lançamento de mísseis norte-coreanos de curto alcance.

A Coreia do Norte realizou testes com mísseis nesta quinta-feira, 9 de maio de 2019.
A Coreia do Norte realizou testes com mísseis nesta quinta-feira, 9 de maio de 2019. Reuters
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Segundo o Estado-Maior sul-coreano, na quinta-feira (9), Pyongyang disparou aparentemente dois mísseis de curto alcance de Kusong, na província de Pyongan do Norte. Os mísseis, que percorreram 270 e 420 quilômetros, estão sendo analisados pelos militares sul-coreanos e seus aliados americanos.

"No posto de comando, o líder supremo, Kim Jong Un, foi informado sobre um plano de exercício de ataque de vários meios de longo alcance e deu a ordem para a realização" da simulação, segundo a KCNA. O comunicado da agência não dá detalhes sobre que tipo de arma foi testada, e evita usar as palavras "míssil", "foguete" e "projétil".

"A mobilização e ataque bem sucedidos, planejados para testar a habilidade de reação rápida das unidades de defesa [...] mostrou o poder destas unidades, que estavam totalmente preparadas para realizar de forma competente qualquer operação e combate", assinalou o texto

Captura de cargueiro norte-coreano

O presidente Donald Trump questiona a vontade de Kim Jong Un negociar seriamente a desnuclearização da península. O comunicado de Pyonyang ocorre no momento em que os Estados Unidos anunciaram a captura de um cargueiro norte-coreano. Em Nova York, procuradores federais revelaram que o "Wise Honest" - um dos maiores navios cargueiros norte-coreanos, segundo Washington, foi retido na quinta-feira (9) por violar as sanções internacionais ao exportar carvão e importar maquinaria.

O lançamento dos dois projéteis norte-coreanos coincidiu com a visita a Seul de um enviado dos Estados Unidos para tentar desbloquear as negociações sobre a crise nuclear entre Washington e Pyongyang. Na Casa Branca, Trump disse que observa o lançamento de mísseis "muito seriamente" e criticou este passo dado por Pyongyang.

"Eram mísseis pequenos, de curto alcance. Ninguém está contente com isso", disse o presidente a jornalistas. "A relação continua. Mas vamos ver o que acontece. Sei que querem negociar, falam sobre isso. Mas não penso que estão prontos para negociar", destacou.

Na reunião em Singapura, em junho de 2018, o líder norte-coreano se comprometeu com Trump a "trabalhar pela desnuclearização completa da península coreana". Mas as conversas emperraram após o fracasso do segundo encontro entre os dois chefes de Estado em fevereiro passado, no Vietnã. Nesta reunião, Kim pediu o fim das sanções contra seu país, em troca do início do processo de desnuclearização, uma proposta considera muito tímida por Trump.

Advertência sul-coreana

A edição desta sexta-feira do Rodong Sinmun, jornal oficial do partido que governa Pyongyang, dedica a primeira página e parte da segunda ao lançamento de quinta-feira, com 16 fotos, uma delas de Kim observando o teste.

O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, considerou que os disparos poderiam complicar as discussões com os Estados Unidos. "Seja quais forem as intenções da Coreia do Norte, alertamos que esse ato pode tornar as negociações mais difíceis", declarou à televisão.

O ministro japonês da Defesa, Takeshi Iwaya, afirmou nesta sexta-feira que Tóquio chegou à conclusão de que os últimos lançamentos foram de "mísseis balísticos de curto alcance", o que viola as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

Garantias de segurança

Horas antes do teste, o enviado especial dos Estados Unidos para a Coreia do Norte, Stephen Biegun, desembarcou em Seul para discutir com as autoridades sul-coreanas a abordagem a ser adotada nas negociações nucleares com Pyongyang. Esta foi a primeira visita de Biegun ao país desde o fracasso da segunda cúpula entre o presidente americano Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong Un, em fevereiro.

O enviado especial americano se reuniu com seu colega sul-coreano Lee Do-hoon, mas sua agenda política não foi divulgada. Os dois países aliados - Washington tem 28.500 militares posicionados no Sul para fazer frente a possíveis ameaças do vizinho do Norte - trabalham juntos na estratégia de negociação com Pyongyang

A base de mísseis Sino-ri, de onde teriam partido os disparos, existe a décadas e fica 75 quilômetros a noroeste da capital Pyongyang. O local abriga o equivalente a um regimento e é equipado com mísseis Nodong-1 de médio alcance, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos Internacionais. Qualquer lançamento realizado a partir de Sino-ri em direção a leste deveria atravessar a península coreana antes de cair no oceano, segundo especialistas.

"Mensagem clara"

Com os disparos desta quinta-feira, "a Coreia do Norte está enviando uma mensagem clara de que não ficará satisfeita com uma ajuda humanitária" de Seul, segundo Hong Min, pesquisador do Instituto Coreano para a Unificação Nacional. Pyongyang "diz: 'queremos garantias de segurança em troca de um processo de desnuclearização'", acrescenta.

Na semana passada, Pyongyang alertou os Estados Unidos para o risco de um "resultado indesejável", se o país não ajustar sua posição até o final do ano, depois de três meses de paralisia nas negociações sobre o programa balístico e nuclear da Coreia do Norte.

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