"Direito internacional deve prevalecer à lei do mais forte", diz Putin após reunião com Kim Jong-Un
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O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (25) que a Coreia do Norte deveria beneficiar de “garantias sobre sua segurança e soberania” da comunidade internacional em troca da desnuclearização. A declaração foi dada depois da reunião com o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, em Vladivostok, cidade portuária da Rússia, no extremo leste do país.
Luiza Duarte, correspondente da RFI em Hong Kong
O respeito ao “direito internacional” e não “à lei do mais forte” permitirá solucionar a crise sobre o programa nuclear de Pyongyang, afirmou Putin, depois da reunião com o dirigente norte-coreano. “O mais importante é restaurar a força do direito internacional e não deixar que a lei do mais forte determine os negócios do mundo”, declarou o presidente russo.
Dois meses depois do grande fracasso do segundo encontro com o presidente americano, Donald Trump, em Hanói, Kim Jong-Un também afirmou que teve um "bom momento " com o presidente russo após duas horas de reunião em Vladivostok. "Acabamos de ter uma troca de opiniões muito substancial", afirmou Kim ao abrir uma reunião ampliada às delegações.
Putin é o sexto líder mundial a encontrar Kim Jong-Un desde que ele assumiu o comando da Coreia do Norte há 8 anos. Apenas no ano passado, Kim passou a fazer visitas oficiais ao exterior iniciando uma nova fase para a diplomacia do país.
Viagem de trem
O líder norte-coreano chegou na quarta-feira (24) à Vladivostok, a maior cidade portuária da Rússia, no extremo leste do país a poucos quilômetros da fronteira com a China e com a Coreia do Norte. Ele fez essa viagem de trem, mesmo transporte que já havia usado para entrar na China e no Vietnã.
Kim Jong-Un sinalizou que tem outras alternativas para sobreviver ao embargo econômico internacional sem ter que se dobrar à pressão americana para que Pyongyang coloque fim ao seu programa nuclear. Oficialmente, Pyongyang busca discutir a situação na Península Coreana e angariar apoio para o plano de desenvolvimento econômico do país. Segundo o governo russo, os dois líderes não devem assinar nenhum acordo durante essa reunião.
Um ano para aceitar convite russo
Kim Jong-Un demorou quase um ano para aceitar o convite russo. O encontro acontece depois que a segunda reunião entre o líder norte-coreano e o presidente americano, Donald Trump, terminou em fracasso.
A Cúpula de Hanói, no Vietnã, em fevereiro, foi encerrada antes da hora e sem acordo. Por hora, as negociações voltaram ao ponto morto. Não há perspectiva para a suspensão das sanções econômicas que pesam sobre o regime. Segundo o governo russo, os dois líderes não devem assinar nenhum acordo durante essa reunião.
O chamado grupo dos seis, formado por Rússia, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul e do Norte sob a presidência da China, foi criado em 2003. O esforço diplomático chegou a produzir acordos, mas as negociações foram interrompidas no final de 2008. Rússia e Coreia do Norte são vizinhas e têm uma longa história de cooperação. Depois da Segunda Guerra Mundial, o governo de Joseph Stalin teve papel importante na fundação do país sob o comando do avó de Kim Jong-Un, Kim Il-sung.
Mesmo a Rússia tendo votado a favor das sanções econômicas, um recente relatório das Nações Unidas acusa o país de ajudar Pyongyang a burlar as proibições internacionais, através de transferências de produtos, como o carvão, feitas em alto mar entre navios ou contrabando via fronteira terrestre.
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