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Concentração de gás carbônico na atmosfera é a maior em 3 milhões de anos

A concentração de CO2 - o principal responsável pelo aquecimento global - atingiu o nível mais alto dos últimos três milhões de anos. O alerta é feito por cientistas do Instituto de Pesquisa Potsdam para o Impacto Climático, na Alemanha.

No período do Plioceno, há três milhões de anos, não havia calota glacial na Antártida.
No período do Plioceno, há três milhões de anos, não havia calota glacial na Antártida. David Merron Photography via Getty Images
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A conclusão é feita com base em um novo modelo climático desenvolvido pela instituição alemã. Os cientistas imaginavam até hoje que a atual concentração de dióxido de carbono na atmosfera, de 400 partes por milhão (ppm), não era maior do que a observada há 800 mil anos, em um período marcado por ciclos naturais de aquecimento e resfriamento da Terra.

No entanto, amostras de gelo e sedimentos marinhos retirados do local considerado como o mais frio do planeta mostra, no entanto, que o nível de CO2 que existe atualmente foi pior há 3 milhões de anos, no período chamado de Plioceno. Nesta época, as temperaturas eram, em média, de 3°C a 4°C superiores às de hoje, vegetação crescia na Antártida e o nível dos oceanos era 15 metros mais alto.

Segundo o coordenador deste estudo, o pesquisador Matteo Willeit, o fim do Plioceno está relativamente próximo do período atual em termos de concentração de gás carbônico. "Nosso modelo mostra que no Plioceno não havia calotas glaciais no Hemisfério Norte. O CO2, muito elevado, e as temperaturas eram muito altas para que isso acontecesse", afirma.

Lição a aprender

Para os pesquisadores, há uma lição importante para ser aprendida com a descoberta da concentração de gás carbônico no Plioceno similar à de hoje. Atualmente, com 1°C a mais do que na época pré-industrial, a Terra já sofre o impacto da desregulação climática.

Segundo Martin Siegert, professor de geociência do Imperial College de Londres, baseando-se nesses dados de 3 milhões de anos atrás, os cientistas preveem um aumento do nível dos oceanos entre 50 centímetros e um metro até o fim deste século. 

"A 400 ppm, estamos na trajetória de um clima similar ao do Plioceno", previne Tina van De Flierdt, professora de geoquímica isotópica no Imperial College de Londres.

Aquecimento de 3°C a 4°C será inevitável

Os pesquisadores afirmam que a atmosfera já teve níveis de CO2 muito superiores a 400 ppm, mas o gás levou milhões de anos para se acumular na atmosfera. Já as emissões relacionadas à atividade humana aumentaram o nível de CO2 em mais de 40% em um século e meio. 

Com a atual concentração de CO2 em progressão, muitos cientistas acreditam que um aquecimento de 3°C a 4°C será inevitável. 

O Acordo de Paris Sobre o Clima, assinado em 2015, tem o objetivo de limitar o aquecimento do planeta entre 2°C a 1,5°C em relação à era pré-industrial. No entanto, em 2017, as emissões de gases de efeito estufa bateram o recorde da história da humanidade.

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