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Japão/Ghosn

Preso novamente no Japão, Carlos Ghosn clama por inocência na TV francesa

A Justiça de Tóquio determinou nesta quinta-feira (4) uma nova detenção de Carlos Ghosn em sua casa na capital japonesa, por novas suspeitas de sonegação financeira. Em um comunicado divulgado por seus advogados após ser detido, o ex-presidente do grupo Renault-Nissan disse que a nova prisão é "ultrajante e arbitrária."

Carlos Ghosn volta a ser preso em Tóquio por novas suspeitas
Carlos Ghosn volta a ser preso em Tóquio por novas suspeitas credit Kyodo/via REUTERS
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Em entrevista ao correspondente da RFI no Japão,Bruno Duval, Junichiro Hironaka, advogado do executivo, declarou que Ghosn foi submetido a um controle judiciário extremamente rígido. Segundo ele, um caso como esse “nunca foi visto na história judiciária japonesa”, já que Ghosn respeitava as regras envolvendo sua liberdade provisória.

O tribunal de Tóquio, julgou que, graças a esse dispositivo, “o executivo não apresentava o menor risco de fuga ou destruição de provas. Agora, de repente, ele é preso em seu domicílio e detido”, criticou o advogado. Em entrevista ao canal francês LCI, Ghosn voltou a afirmar sua inocência.

“Sou combativo, sou inocente. Peço ao governo francês para me defender, para preservar meus direitos como cidadão”, declarou. “Existe a intenção de destruir sistematicamente e sabemos qual é a origem. Há pessoas de fora da Nissan envolvidas nisso, que beneficiam da cumplicidade do lado de fora da Nissan. Eles agem fora do Japão e na França”, afirmou Ghosn em uma entrevista gravada pouco antes dele ser preso, pela Internet.

Ghosn anunciou na quarta-feira (3) no Twitter que pretendia conceder uma entrevista coletiva no dia 11 de abril. "Estou preparado para dizer a verdade sobre o que está ocorrendo. Coletiva na quinta-feira, 11 de abril", informava a breve mensagem na conta do executivo.

O ministro da Economia, Bruno Le Maire, respondeu ao executivo dizendo que ele beneficia da presunção de inocência e da proteção consular. Ele também declarou ter transmitido à Justiça novos e importantes elementos que apareceram na investigação interna da Renault, sem revelar o conteúdo.

O anúncio de sua prisão também foi um choque para os aliados libaneses do dirigente. Nadim Nader, seu amigo de infância e presidente de seu comitê de apoio libanês, disse à RFI temer que Ghosn “diga a verdade na coletiva”. Para ele, existe um complô contra dentro da empresa.

Prisão em tempo real

A rede NHK, o site do jornal Nikkei e outras emissoras de TV deram a informação da prisão quase em tempo real. Uma cortina cinza foi instalada em frente à entrada do imóvel onde mora Ghosn. Os investigadores chegaram ao local pouco antes das 6h (18h de quarta-feira, hora de Brasília) e uma hora depois um carro deixou o local, segundo uma transmissão ao vivo feita pela emissora Nippon TV. O executivo estava dentro do veículo.

O ex-presidente da Nissan foi colocado em liberdade sob o pagamento de uma fiança em 6 de março. Há três acusações contra ele, por ter dado declarações inexatas de rendimentos entre os anos 2010 e 2018 em documentos que a Nissan entregou a autoridades financeira e por quebra de confiança.

Ele também é suspeito de ter usado a reserva do presidente executivo da Nissan para realizar transferências de dinheiro a um distribuidor de veículos da empresa em Omã. Segundo uma fonte próxima ao caso, parte deste dinheiro teria sido usado para comprar um barco de luxo para Ghosn e sua família.

Vítima de um complô

A novela envolvendo Ghosn começou em 19 de novembro, com a prisão do então poderoso presidente da aliança automobilística Renault-Nissan-Mitsubishi Motors. O empresário, acusado de apresentar declarações de renda falsas às autoridades da Bolsa de Valores e de abuso de confiança em detrimento da Nissan, onde teve início a investigação, se declara inocente e afirma que foi vítima de um "complô" da montadora japonesa para provocar o fracasso de seu projeto de aproximação com a Renault.

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