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O Mundo Agora

Eleições na Europa mostram reação a populismos e extrema direita

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“Quero crescer num país moderno”. Um simples papel colado nas costas de uma criança na última manifestação milionária em Argel. Um pequeno grito que diz tudo. E que poderia ter sido repetido nas diversas eleições que aconteceram na Europa nos últimos seis meses. Depois de tantas notícias deprimentes e análises pessimistas, boas novas políticas estão despontando no Velho Continente.

Manifestação de estudantes nas ruas de Argel. Com pancartas " deixem-nos dirigir nosso futuro"
Manifestação de estudantes nas ruas de Argel. Com pancartas " deixem-nos dirigir nosso futuro" REUTERS/Zohra Bensemra/File Photo
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A Eslováquia acaba de eleger confortavelmente um novo presidente: uma jovem advogada sem partido, campeã da luta contra a corrupção, abertamente pró-europeia e liberal em matéria econômica. Suzana Caputova derrotou o establishment nacionalista, populista e corrupto do atual primeiro-ministro graças aos votos da nova geração de jovens urbanos sedentos de modernidade e de participação ativa na União Europeia.

Na Ucrânia, um país invadido pelo Rússia e por uma corrupção generalizada, outro jovem candidato – o ator Volodímir Zelenskiy – também ganhou o primeiro turno das eleições presidenciais, com um programa anticorrupção e decididamente pró-europeu.

De novo, foram as populações urbanas e os jovens que atropelaram o voto nacionalista e conservador dos grotões. São duas boas notícias para a Europa do Leste, onde as forças do chauvinismo xenófobo chegaram ao poder pelas urnas só para instalar governos autoritários.

Mas até na Hungria, na Polônia ou na República Checa, milhares de pessoas nas grandes cidades vêm manifestando contra essas políticas que querem enclausurar as populações dentro de fronteiras nacionais rígidas, muros contra os imigrantes, protecionismos econômicos e instituições manipuladas pelos governos.

Na verdade, a Europa ainda está ameaçada pelos populismos de extrema-direita e de extrema-esquerda que querem fechar seus países, acabar com a União Europeia e com a democracia representativa.

Mas os cidadãos ditos “progressistas”, partidários de aprofundar a construção europeia, estão levantando a cabeça. São os que anseiam por sociedades abertas, democráticas, numa economia de mercado liberal, sobretudo nas grandes cidades que concentram as riquezas nacionais e os setores mais dinâmicos.

Sem dúvida, nas últimas eleições legislativas na Alemanha e na Holanda, os partidos nacional-populistas, apesar de ainda muito minoritários, conseguiram aumentar os seus votos. Mas quem subiu de maneira espetacular foram os partidos verdes, liberais, ecologistas e claramente pró-europeus.

Até na Grã-Bretanha, em plena crise de nervos e num beco sem saída, basta olhar para a gigantesca passeata – em Londres – dos que rejeitam a saída do país da União Europeia. E a relativamente pífia manifestação dos partidários do Brexit.

Partido de Macron na frente nas eleições europeias

Na França, apesar da profunda crise dos “coletes amarelos”, o partido do presidente Emmanuel Macron aparece, surpreendentemente, em primeiro lugar nas sondagens para as próximas eleições para o Parlamento Europeu.

O chefe de Estado francês está tentando transformar essas eleições num confronto entre os movimentos e líderes políticos “progressistas” e as forças do populismo nacionalista.

A ideia é criar uma frente progressista com outros partidos europeus e tornar-se o fiel da balança no próximo parlamento da União. Não é por acaso que ele designou publicamente os seus principais adversários: os governos chauvinistas húngaro e italiano, e a extrema-direita xenófoba e protecionista francesa, o “Agrupamento Nacional” de Marine Le Pen.

O objetivo é colocar o eleitorado do continente diante de uma alternativa clara: abertura com mais Europa, ou fechadura com a volta às soberanias xenófobas nacionais.

Ninguém sabe se uma maioria de cidadãos europeus querem, como os argelinos, “crescer numa sociedade moderna”. Ou se os grotões – abandonados há anos pelos poderes públicos – vão impor uma visão saudosista e reacionária ao resto da população, sobretudo aos jovens e aos setores mais criativos e eficientes que precisam de abertura e das oportunidades da globalização e do mercado europeu.

Até há pouco, o clima político era sombrio. E a possibilidade de uma fragmentação catastrófica da União Europeia era considerada até provável. Mas pelo visto, os tempos podem estar mudando e a esperança está de volta.

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