Em movimento inédito, jovens asiáticos vão às ruas pedir ações pelo clima
Manifestantes também vão às em cidades da China, Taiwan, Coreia do Sul, Japão, Índia, Indonésia, Malásia, Singapura e Filipinas. Os países asiáticos estão entre os maiores poluidores do mundo.
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Luiza Duarte, correspondente da RFI na China
Pela primeira vez, nesta sexta-feira (15), centenas de crianças de todas as idades e adolescentes protestaram em Hong Kong para pedir ações contra a mudança climática. Eles se juntaram ao movimento global de greves escolares "Sextas para o Futuro" (#FridaysforFuture).
A maioria dos participantes estuda em colégios internacionais. Escolas e famílias locais não aderiram. Algumas instituições emitiram circulares desencorajando estudantes a se juntarem à mobilização.
Mitcha, 17 anos, diz que resolveu participar pela primeira vez de um protesto ecológico, porque a ação foi organizada pelos próprios estudantes e a mensagem é valiosa. "Acho honestamente que isso é parte de algo maior e que terá impacto na sociedade atual”, insiste.
Os estudantes pediram ao governo, através de um comunicado publicado na véspera do protesto, que jovens possam integrar o Comitê Diretivo sobre Mudanças Climáticas - um grupo de ação ambiental interdepartamental de Hong Kong.
Eles também solicitaram a criação de um “Escritório de Ação Climática” e cobraram que o governo local cumpra o Plano de Ação Climática 2030+ do território chinês, aumentando a participação local da energia renovável em 3% ou 4%.
A mobilização estudantil ainda não decolou na Ásia, mas protestos acontecem hoje em pelo menos cinco outras cidades chinesas (Shenzhen, Cantão, Chaoyang, Xangai e Hangzhou) e também em Taiwan, Coreia do Sul, Japão, Índia, Indonésia, Malásia, Singapura e Filipinas.
Manifestações não são permitidas na China
Na China, greves e manifestações civis não são permitidas e a defesa do meio ambiente é um tema ainda pouco debatido. Já Hong Kong, apesar de ser um território chinês, possui um certo nível de autonomia, com sistema jurídico e governo distintos.
“Estudantes na China sabem que a mudança climática é um problema. Acho que eles gostariam de agir. Eles provavelmente estão agindo agora, mas para organizarem um movimento grande como esse na China, nesse momento, seria impraticável, em relação a liberdade de expressão que eles têm e a como isso é visto na China. É muito mais difícil que isso aconteça na China, do que em Hong Kong, mas espero que isso mude”, diz Mitcha.
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