Papa compara pedofilia ao "sacrifício de humanos" e quer “batalha total” contra o crime
Um discurso do papa Francisco encerrou neste domingo (24) no Vaticano a histórica cúpula sobre a pedofilia na igreja católica. Em sua fala, o sumo pontífice comparou os abusos contra menores ao “sacrifício de seres humanos” em ritos pagãos. Francisco pediu uma “batalha total” contra esse crime que ele chamou de “abominável”.
Publicado em:
Durante o longo discurso diante dos líderes das 114 conferências episcopais de todo o mundo, secretários de congregações, bispos e cardeais, o papa reiterou que a Igreja se compromete a combater este fenômeno com "a máxima seriedade".
"Gostaria de reafirmar com clareza que se na Igreja for descoberto um só caso de abuso - que em si mesmo já representa uma monstruosidade -, este caso será enfrentado com a máxima seriedade." Francisco chegou a dizer que os religiosos que abusam de menores são “um instrumento do diabo”. A pedofilia “deve ser varrida da face da terra”!
Anúncio de medidas concretas
O sumo pontífice prometeu que a igreja católica não vai mais recuar para levar diante da Justiça os autores desses crimes. A definição jurídica de maioridade na igreja vai ser revista. Atualmente, são considerados menores os jovens com menos de 14 anos e, para melhor protege-los, essa idade será aumentada, prometeu Francisco. As diretrizes usadas pelas conferências episcopais nacionais para prevenir os abusos e punir os responsáveis serão revistas e reforçadas.
O papa citou estatísticas a nível mundial e garantiu que a igreja católica se compromete a aplicar as estratégias das organizações internacionais, incluindo a ONU e a Organização Mundial da Saúde, para erradicar a pedofilia. Ele lembrou ainda que não se pode compreender o fenômeno sem levar em consideração o “abuso de poder” nas relações.
Igreja católica é sua “própria inimiga”
Antes do discurso do sumo pontífice, o arcebispo de Brisbane, Mark Coleridge, declarou que a igreja católica se transformou em sua “própria e pior inimiga” por ter dissimulado os abusos sexuais cometidos por religiosos. Ela também é culpada por não ter silenciado as vítimas. “Não ficaremos impunes” lançou o australiano durante a missa que encerrou os quatro dias da reunião na Sala Regia do Vaticano.
A cúpula contra a pedofilia foi convocada pelo papa para tentar superar a grave crise que arranha a credibilidade da igreja católica. O encontro foi marcado por testemunhos de vítimas de abusos sexuais e por duras críticas contra a responsabilidade da hierarquia da igreja que protegeu os religiosos envolvidos nos escândalos. No sábado (23), uma freira condenou a “hipocrisia da igreja” e o cardeal alemão Reinhard Marx admitiu que arquivos sobre os autores de abusos sexuais foram destruídos. A questão do celibatodos padres não foi abordada.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro