Síria: Trump conclama europeus a repatriar seus jihadistas
A poucos dias do anúncio oficial do fim do grupo Estado Islâmico, o presidente norte-americano Donald Trump pediu neste domingo (17) aos países europeus para repatriar seus nacionais feitos prisioneiros na região, ou seja, os jihadistas, caso contrário, ele ameaçou liberá-los para a vida selvagem.
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A mensagem foi enviada via twitter por Donald Trump: "Os Estados Unidos pedem à Grã-Bretanha, França, Alemanha e outros aliados europeus que recuperem mais de 800 combatentes do Estado Islâmico que capturamos na Síria e os levem a julgamento".
"O califado está prestes a cair", escreve o presidente americano, " e não há alternativa, porque seríamos forçados a libertá-los".
Tweet Trump
The United States is asking Britain, France, Germany and other European allies to take back over 800 ISIS fighters that we captured in Syria and put them on trial. The Caliphate is ready to fall. The alternative is not a good one in that we will be forced to release them........
Donald J. Trump (@realDonaldTrump) February 17, 2019
Jihad
Esses estrangeiros, que foram para a guerra na Síria, foram capturados por forças curdas que combatiam o grupo do Estado Islâmico com a ajuda de uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos. Mas esses prisioneiros são muito incômodos. Os curdos alertaram que não poderiam mantê-los para sempre.
A França declarou recentemente que poderia repatriar seus nacionais, enquanto, até agora, a decisão era de deixá-los no local. O risco é ver esses jihadistas desmaiarem na selva, após a retirada das forças dos EUA da Síria. Donald Trump anunciou em dezembro a iminente partida de seus militares. Esta decisão tem sugado a ira de seus aliados europeus, mas também a preocupação dos curdos que se encontram isolados.
Bashar al-Assad
O presidente sírio Bashar al-Assad alertou, neste domingo (17), as facções curdas na Síria que "apostam" nos Estados Unidos que este país não vai protegê-las contra nenhuma ofensiva turca, já que Washington pretende retirar suas tropas.
Washington apoia a milícia curda Unidades de Proteção do Povo (YPG) na Síria, que combate o grupo extremista Estado Islâmico (EI). O presidente Donald Trump anunciou em dezembro a retirada de cerca de 2.000 soldados americanos que atuam no país até abril, estimando que a derrota dos extremistas se dará em breve.
"Aos grupos que apostam nos americanos, dizemos que eles não vão protegê-los", disse Assad neste domingo em comunicado emitido pela emissora pública do país.
"Os americanos não vão colocá-los no coração, nem nos braços. Vão colocá-los no bolso para que sejam uma ferramenta em sua permuta", opinou.
Após o conflito que devastou a Síria desde 2011, os curdos conseguiram estabelecer uma autonomia "de fato" nas regiões sob seu controle, com territórios no norte e nordeste que representam quase 30% do país.
O anúncio da retirada dos Estados Unidos surpreendeu esta minoria, que poderia acabar enfraquecida contra a vizinha Turquia, num contexto em que Ancara ameaça lançar uma ofensiva para expulsar as YPG de áreas adjacentes à sua fronteira com a Síria.
Para se proteger, os curdos começaram uma aproximação com o poder de Damasco e estão tentando negociar uma solução política para preservar sua semi-autonomia. No entanto, esses diálogos estão estagnados.
"Se não se preparar para defender seu país e resistir, não será mais que um escravo entre os otomanos", afirmou Assad, referindo-se à Turquia.
"Nada os protegerá, exceto seu Estado. Ninguém lhes defenderá, exceto o Exército árabe sírio", concluiu o presidente.
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