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Bangladesh/ Eleições

Bangladesh mobiliza 600 mil agentes por temer violência nas eleições

Bangladesh mobilizou 600 mil membros da polícia, do exército e de outras forças de segurança, neste sábado (29), para as eleições de domingo, que foram precedidas por prisões em massa e confrontos sangrentos.

Materiais de votação, incluindo urnas, são vistos dentro de um centro de distribuição antes da 11ª eleição geral, que será realizada em 30 de dezembro em Dhaka
Materiais de votação, incluindo urnas, são vistos dentro de um centro de distribuição antes da 11ª eleição geral, que será realizada em 30 de dezembro em Dhaka REUTERS/Stringer
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"Garantimos o mais alto nível de segurança com base na capacidade do país", disse Rafiqul Islam, chefe da comissão eleitoral.

"Esperamos que haja um ambiente de paz" nas quase 40 mil seções eleitorais, acrescentou.

Duas mulheres, inimigas políticas há 30 anos - e uma delas presa - disputam o poder neste domingo neste país pobre do Sul da Ásia.

O partido do atual primeiro-ministro, Sheikh Hasina, é o grande favorito para obter um quarto mandato à frente do governo, diante de sua antiga rival Jaleda Zia, doente e atrás das grades, e que denuncia o "clima de medo" estabelecido por o poder.

Na quarta-feira (26), quinze jovens em motocicletas, carregando uma bandeira da Liga Awami, o partido do primeiro-ministro, atacaram um candidato do Partido Nacionalista de Bangladesh (BNP) de Jaleda Zia no norte do país, ferindo-o gravemente.

Este foi o último dos muitos confrontos entre militantes da Liga Awami e do BNP, que na campanha eleitoral deixaram seis mortos - quatro do BNP, duas da Liga Awami - e uma centena feridos.

Dinastia política

Hasina, 71, e Zia, 73 anos, se sucedem no poder desde a década de 1990, em um contexto de forte confronto político. Ambas vêm de dinastias políticas sólidas, e travaram durante três décadas uma implacável "guerra das begum", título honorário para uma mulher de classe média, muçulmana, no subcontinente indiano.

Caso seu partido se imponha, Hasina chegaria a seu quarto mandato, e o terceiro consecutivo desde 2009.

Sua rival, Jaleda Zia, está doente e presa por corrupção - seus partidários dizem que sua prisão é "politicamente motivada" - razão pela qual ela não pode fazer campanha, embora ela e sua família mantenham muito controle sobre o BNP.

Zia foi a primeira-ministra nos períodos 1991-1996, 2001-2006. Devido à sua prisão e doença, sua dinastia parece frágil: seu filho mais velho e herdeiro, Tarik Rahman, arquiteto do retorno de sua mãe ao poder em 2001, vive no exílio em Londres há dez anos.

As duas mulheres inimigas são parentes de figuras da independência do Bangladesh, em 1971, e fazem parte da aristocracia política deste país, com 160 milhões de habitantes, um dos mais pobres do mundo, mas com altas taxas de crescimento.

Sheikh Hasina é a filha do pai fundador da nação, Sheikh Mujibur Rahman, e Jaleda Zia é a viúva do presidente Ziaur Rahman. Ambos morreram assassinados.

Mais de 11.000 detidos

A comunidade internacional expressou preocupação com a guinada autoritária do governo de Hasina nos últimos anos.

Segundo a oposição, mais de 11.500 adversários foram presos nas últimas semanas, mas esse número não foi confirmado pelas autoridades.

Em 2014, o BNP havia boicotado as eleições legislativas anteriores, alegando medo de fraude eleitoral. Isso permitiu que Hasina vencesse facilmente e permanecesse no poder.

No entanto, os confrontos em torno dessa campanha eleitoral deixaram dezenas de mortos.

Apenas uma vez as duas rivais estiveram do mesmo lado. Foi em 1980, quando eles se uniram contra o ditador militar Husain Muhamed Ershad, forçando-o a renunciar em 1990, e a restaurar a democracia em Bangladesh.

(Com informações da AFP)

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