Acessar o conteúdo principal

Carlos Ghosn passará Natal e Reveillon atrás das grades

O empresário franco-brasileiro de origem libanesa, Carlos Ghosn, vai passar o fim de ano na prisão. A justiça japonesa decidiu nesse domingo (23) prorrogar por dez dias a detenção do ex-presidente da Nissan investigado por sonegação fiscal.

Em Tóquio, a televião exibe programa sobre o empresário Carlos Ghosn, em 20 de dezembro de 2018.
Em Tóquio, a televião exibe programa sobre o empresário Carlos Ghosn, em 20 de dezembro de 2018. BEHROUZ MEHRI / AFP
Publicidade

"Hoje foi tomada a decisão de manter (Ghosn) na prisão. O período de detenção terminará em 1° de janeiro", anunciou a Corte de Tóquio, em um comunicado. A decisão, contudo, não significa que ele seja libertado no início do ano que vem, já que a Promotoria pode solicitar nesta data a prorrogação da detenção por mais 10 dias, se considerar que a investigação exige tal medida.

Gohsn está preso desde o dia 19 de novembro, acusado de malversação financeira. Na sexta-feira, a procuradoria japonesa já havia pedido a prorrogação da prisão por “abuso de confiança”, com base em novas acusações de que o empresário teria repassado para a montadora japonesa perdas de 1,85 bilhão de yens, o equivalente a € 14,5 milhões, em investimentos pessoais.

A decisão judicial é o episódio mais recente de uma saga que desperta reações intensas no Japão e no mundo dos negócios, desde que o poderoso presidente da Renault e ex-presidente da aliança Renault-Nissan foi detido em Tóquio, ao desembarcar de seu jato privado.

A Promotoria considera Carlos Ghosn suspeito de ter "fracassado em sua função de presidente e de ter provocado um prejuízo à Nissan". Dessa vez, os promotores o acusam de ter feito com que a Nissan cobrisse suas perdas financeiras durante a crise de outubro de 2008.

Segundo as investigações, o executivo teria pedido a um amigo da Arábia Saudita que atuasse como seu avalista, fazendo uma transferência bancária para essa pessoa, a partir de uma conta de uma filial da Nissan. De acordo com o canal público japonês NHK, Ghosn nega as acusações.

No Japão, esse tipo de delito normalmente prescreve após sete anos, mas a lei permite suspender a contagem do tempo durante os períodos passados no exterior, o que no caso de Ghosn são numerosos, uma vez que ele passava apenas um terço de seu tempo no país.

Outros processos

O empresário também foi acusado, em 10 de dezembro, de ter omitido de suas declarações de renda às autoridades da Bolsa quase 5 bilhões de yens (R$ 166 milhões) entre 2010 e 2015.

Ghosn e seu braço direito, Greg Kelly, também detido, ainda são suspeitos de dissimulação de renda entre 2015 e 2018, num valor de 4 bilhões de yens (U$ 35 milhões).

A longa detenção do empresário, que está em um centro penitenciário da zona norte de Tóquio, provoca muitas críticas, sobretudo no exterior. No Japão é possível deter os suspeitos diversas vezes por diferentes acusações.

A aliança Renault-Nissan está no meio do furacão. As montadoras japonesas Nissan e Mitsubishi Motors destituíram Ghosn do cargo de presidente de seus conselhos de administração, enquanto o grupo francês Renault mantém o executivo no cargo e designou como diretor-executivo provisório Thierry Bolloré.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.