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Linha Direta

Por que as ambições tecnológicas da China assustam o Ocidente?

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Há quase seis meses, Estados Unidos e China enfrentam uma escalada de hostilidades no plano comercial. O governo americano acusa a China de práticas comerciais desleais, de roubo de tecnologia e de impedir o acesso de empresas estrangeiras ao mercado interno chinês. Já Pequim acredita que Washington protagoniza uma explícita manobra para tentar conter a ascensão chinesa no plano internacional. 

China lidera uma corrida pelo domínio de tecnologias que deve revolucionar a indústria nos próximos anos.
China lidera uma corrida pelo domínio de tecnologias que deve revolucionar a indústria nos próximos anos. REUTERS/Thomas Peter
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Luiza Duarte, correspondente da RFI em Hong Kong

Por trás das rodadas de tarifas sobre uma crescente lista de produtos, a China lidera uma corrida pelo domínio de tecnologias que deve revolucionar a indústria nos próximos anos e redefinir papéis no cenário geopolítico. O governo chinês identificou dez áreas, incluindo robótica, inteligência artificial e veículos elétricos, em que o país quer se tornar globalmente competitivo até 2025 e globalmente dominante durante este século. 

O programa batizado de “Made in China 2025” visa transformar o país em uma economia industrial avançada. Assim, a China está mobilizando empresas estatais, distribuindo subsídios, investindo em pesquisa e desenvolvimento e na aquisição de propriedade intelectual. Essa rápida expansão chinesa nos setores de alta tecnologia é vista pelo presidente americano, Donald Trump, e por outros líderes mundiais como uma ameaça.

Em um cenário onde mudanças econômicas dominadas pela automação e novas tecnologias estão em curso, Estados Unidos e China brigam pela supremacia tecnológica. Enquanto a escalada de imposições de tarifas se desenrola, as duas maiores potências mundiais travam uma batalha para assegurar a liderança global no domínio da economia digital, em direção da quarta Revolução Industrial.

Detenção de Meng Wanzhou

O caso envolvendo Meng Wanzhou, diretora financeira da gigante de eletrônicos Huawei - detida no Canadá acusada de infringir sanções econômicas impostas pelo governo americano ao Irã - levou a guerra comercial para um outro plano. A ação casou revolta na elite chinesa que agora pressiona o governo para uma retaliação mais violenta. Eles temem que essa seja apenas a primeira de outras represálias a empresas e investimentos chineses em solo americano.

A Huawei é a companhia chinesa que compete diretamente com a americana Apple. Ela está bem posicionada na corrida para estabelecer o 5G, criando uma vantagem para a China no domínio da nova geração de internet móvel, até 50 vezes mais rápida que atual. A nova rede pretende transformar a indústria e a sociedade, remodelando produtos e serviços. Dezenas de contratos assinados por essa empresa com provedores em diversos países, estão sendo acusados de oferecerem risco de interferência chinesa e espionagem.

Boicote liderado pelos EUA

Multiplicam-se os relatos de que os Estados Unidos estão se mobilizado para evitar que países aliados permitam a entrada de equipamentos e soluções de telecomunicações oferecidas por empresas chinesas. Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Reino Unido estariam particularmente preocupados com segurança cibernética diante do avanço chinês no setor. A pressão tem levado países a debater soluções de big data calcadas em tecnologia estrangeira.

Nesse cenário particularmente negativo, Pequim sinalizou que está reformulando o “Made in China 2025” e que irá permitir maior acesso para empresas estrangeiras. Muitos vêem a medida como um movimento para acalmar os ânimos e não uma real reorientação das políticas do governo chinês. Ao mesmo tempo, conforme mais inovações são desenvolvidas dentro do próprio país, cresce a demanda interna por uma maior regulação da propriedade intelectual e a China vem fazendo isso, através da criação de tribunais especiais.

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