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França/Ghosn

Sozinho em cela, Carlos Ghosn aguarda decisão sobre afastamento da Nissan

O conselho de administração da Nissan está reunido nesta quinta-feira (22) para decidir se demite ou não seu CEO, o franco-líbano brasileiro Carlos Ghosn, detido em Tóquio por suspeita de sonegação e fraude fiscal.   

Imprensa japonesa revelou que Carlos Ghosn comprou pelo menos duas residências de luxo com frutos da suposta fraude
Imprensa japonesa revelou que Carlos Ghosn comprou pelo menos duas residências de luxo com frutos da suposta fraude REUTERS/Regis Duvignau
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A reunião acontece na sede do grupo, em Yokohama. O franco-líbano-brasileiro, acusado de malversação e sonegação fiscal, está detido em uma penitenciária em Tóquio. O CEO da Nissan-Renault é suspeito de ter dissimulado sua renda durante quatro anos. Ele teria deixado de declarar mais de R$ 167 millhões, segundo os promotores japoneses. A Justiça não disse, por enquanto, se Ghosn reconheceu as acusações. Segundo a TV NHK, um ex-responsável da Promotoria foi designado para fazer a sua defesa.

Seis homens e uma mulher decidirão o destino do CEO da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors, que foi detido na segunda-feira (19) em Tóquio. Segundo o correspondente da RFI no Japão, Frédéric Charles, dois representantes da empresa sugerem uma suspensão temporária de Ghosn, mas a imprensa japonesa acredita que o executivo não escapará do afastamento definitivo.

Alguns juízes também estimam que a Nissan tem uma parte de responsabilidade no caso, porque foi a própria empresa que entregou às autoridades os documentos financeiros que dissimulavam os ganhos e compras de propriedades.

Visitas, só em japonês

Desde o início do escândalo, Ghosn permanece em silêncio, sozinho dentro de uma cela de um centro de detenção da capital japonesa, com vista para um pátio interno cercado de grades. Carlos Ghosn tem direito a três refeições por dia e não pode receber ligações ou e-mails.

O contato com seu advogado é feito somente pela polícia. Durante a semana, ele tem direito a uma visita por dia de 15 minutos no máximo. A conversa deve ser em japonês, o que é um problema para Ghosn, que não domina o idioma. Sua mulher, Carole, não fala uma palavra de japonês.

A Nissan, onde o executivo começou a construir seu império em 1999, pode demiti-lo do cargo de presidente do conselho de administração. Hiroto Saikawa, diretor executivo da montadora desde abril de 2017, coordenará os debates. Quatro dos sete votos serão suficientes para destituir Ghosn.

A princípio, um presidente interino será designado para a Nissan. As revelações sobre as atividades do executivo de 64 anos não param de ser divulgadas pela imprensa nipônica. A Mitsubishi Motors (MMC) também examina a possível demissão de Ghosn em um conselho na próxima semana.

Na Renault prevalece a prudência. O conselho de administração pediu a Nissan que transmita o "conjunto das informações que possui no âmbito das investigações internas contra Ghosn". A montadora francesa nomeou Thierry Bolloré, número dois da empresa, para assumir o posto de Ghosn de forma interina.

Ministro da Economia japonês está em Paris

O ministro francês da Economia e das Finanças, Bruno Le Maire, recebe hoje em Paris o japonês Hiroshige Seko para a avaliar a situação da aliança entre a Renault e a Nissan. Paris e Tóquio reafirmaram nesta quarta-feira (21) o apoio à aliança. Dirigentes da Nissan, entretanto, expressaram o desejo de reduzir a influência do parceiro francês.

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