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Turquia/Arábia Saudita

Erdogan diz que países ocidentais receberam gravação de assassinato de Khashoggi

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, confirmou, neste sábado (10), a existência de gravações sobre o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2 de outubro no consulado saudita de Istambul. O representante de Ancara disse ter compartilhado o material com Arábia Saudita, mas também com aliados ocidentais.

Recep Tayyip Erdogan durante entrevista coletiva no aeroporto Esenboga, em Ancara, pouco antes de embarcar para a França
Recep Tayyip Erdogan durante entrevista coletiva no aeroporto Esenboga, em Ancara, pouco antes de embarcar para a França AFP PHOTO/MURAT CETIN MUHURDAR/TURKISH PRESIDENTIAL PRESS SERVIC
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Com informações do correspondente da RFI em Istambul, Alexandre Billette

Essa é a primeira vez que o presidente turco confirma o que a imprensa afirmava há dias: a existência de gravações do assassinato do jornalista saudita no consulado em Istambul. “Eles conhecem a verdade sobre o assassinato de Jamal Khashoggi”, disse Erdogan diante da imprensa, em referência aos serviços secretos internacionais. "Demos as gravações (...) à Arábia Saudita, a Washington, aos alemães, aos franceses, aos ingleses", insistiu o presidente.

Vários meios de comunicação turcos afirmaram que Ancara tinha uma gravação do assassinato e que ela havia sido compartilhada com a diretora da CIA, Gina Haspel, durante uma viagem à Turquia no final de outubro. Mas a existência de tais arquivos não havia sido confirmada oficialmente até agora.

Com essa declaração, Erdogan aumenta a pressão sobre Riad, mas também sobre os aliados ocidentais. O presidente turco também acusou novamente as autoridades sauditas de conhecerem os responsáveis pelo crime e, mesmo assim, fazerem o possível para que a investigação fracasse.

Dissolvido e jogado no ralo

O jornal turco "Sabah" também revelou neste sábado que os assassinos de Khashoggi se desfizeram de seu corpo, despejando-o no sistema de encanamento depois de ter sido dissolvido em ácido. O exame de amostras extraídas do encanamento da casa do cônsul saudita em Istambul permitiu detectar restos de ácido, segundo o jornal pró-governamental, que não cita a fonte da informação.

Os investigadores consideram que o corpo do jornalista crítico do regime de Riad foi dissolvido e que, uma vez atingida a consistência suficientemente líquida, os autores do crime se desfizeram dele, despejando-o no ralo – informa o "Sabah".

Khashoggi desapareceu em 2 de outubro, no consulado saudita em Istambul, onde tinha ido resolver um trâmite administrativo. Depois de negar inicialmente o assassinato, as autoridades sauditas primeiro falaram de uma "briga" que terminou mal, antes de afirmar que o jornalista de 59 anos morreu durante uma operação não autorizada e sobre a qual o príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman não havia sido informado.

A escolha deste sábado para revelar a existência das gravações não é inocente. O presidente turco deu a entrevista coletiva pouco antes de embarcar para a França, onde participa das comemorações do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial. O assassinato do jornalista é um dos assuntos que pode ser cogitado durante a reunião entre os líderes mundiais em Paris.

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