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Irã/EUA

Após sanções americanas, empresas ameaçam deixar o Irã

Os Estados Unidos começaram a aplicar nesta terça-feira (7) uma série de sanções econômica contra o Irã para punir o país, meses depois da retirada unilateral de Washington do acordo histórico sobre o programa nuclear iraniano, assinado em 2015. As primeiras empresas internacionais já anunciaram sua saída do país. A população protesta, culpando o governo de Teerã.

Homem passa diante de campanha contra os Estados Unidos pintada em muro nas ruas de Terrã
Homem passa diante de campanha contra os Estados Unidos pintada em muro nas ruas de Terrã Nazanin Tabatabaee Yazdi/TIMA via REUTERS
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Poucas horas após a entrada em vigor das novas sanções norte-americanas, o grupo alemão Daimler decidiu interromper seus negócios no território iraniano. "Suspendemos nossas atividades no Irã com a aplicação das sanções", afirmou o porta-voz da montadora, que pretendia fabricar e vender caminhões da marca Mercedes para o mercado iraniano.

O presidente norte-americano Donald Trump advertiu os países contra fazer negócios com o Irã, após o restabelecimento das sanções, que chamou de "as mais duras" já aplicadas. "Quem quer que faça negócios com o Irã NÃO fará com os Estados Unidos. Estou pedindo a PAZ MUNDIAL, nada mais", declarou o chefe da Casa Branca nas redes sociais.

As medidas de Washington provocaram indignação entre os europeus, signatários do acordo nuclear, que afirmaram estar "decididos a proteger os operadores econômicos europeus que participam em negócios legítimos com o Irã", segundo um comunicado da União Europeia (UE).

Para impedir o êxodo de investidores europeus do Irã, Bruxelas decidiu ativar a chamada "lei de bloqueio". O texto permite obter indenização pelos prejuízos ligados às restrições e anula os efeitos na UE de qualquer decisão da Justiça estrangeira baseadas nas sanções. Criada para evitar os efeitos das restrições americanas a Cuba, Líbia e Irã, essa regulamentação europeia de 1996 visa proteger as empresas do bloco.  

Iranianos se revoltam

Mesmo assim, os iranianos estão preocupados com o impacto da decisão dos Estados Unidos e culpam o governo de Teerã.   "Acho que estão destruindo minha vida. A situação econômica agora é que a classe trabalhadora tem que morrer", lamenta Ali Paphi, um operário da construção. "As sanções já estão afetando gravemente a vida das pessoas. Não tenho como comprar comida, pagar o aluguel... Ninguém se importa com os trabalhadores", queixa-se.

"Os preços aumentam há três, ou quatro, meses e tudo do que precisamos agora é mais caro, inclusive antes que as sanções fossem impostas", comentou Yasaman, um fotógrafo de 31 anos. Como muitas pessoas na capital Teerã, ele acredita que os líderes políticos iranianos se verão obrigados a voltar à mesa de negociação, como afirmou Trump. "Espero que isso aconteça logo", acrescentou Yasaman.

Grande parte do dano foi causado nas semanas prévias ao retorno das sanções, uma vez que a retórica agressiva de Trump espantou os investidores e provocou a queda da moeda local, o rial. Tudo isso se soma aos problemas de uma corrupção profundamente arraigada, a um sistema bancário caótico e ao desemprego desenfreado depois de décadas de uma administração desastrosa.

"Os preços estão subindo novamente, mas o motivo é a corrupção do governo, não as sanções dos Estados Unidos", protesta Ali, um decorador de 35 anos. Como muitos, ele acredita que o presidente Hassan Rohani é uma figura impotente para melhorar as coisas. "Rohani não pode resolver os problemas. Já demonstrou várias vezes que não é ele que toma as decisões nesse país. Nossos problemas são nossos representantes e o sistema", acrescentou.

(Com informações da AFP)

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