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Nicarágua/protestos

"Controle da cidade rebelde de Masaya é essencial para Ortega", diz especialista francesa

Forças leais ao presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, mantiveram nesta quarta-feira (18) sob forte vigilância a cidade de Masaya. Um dia antes, às vésperas do 39º aniversário da Revolução Sandinista, que é comemorado nesta quinta-feira(19), o governo destruiu as barricadas erguidas por manifestantes, em uma operação que durou cerca de seis horas.

Polícia bloqueia a estrada Pan-Americana após confrontos com manifestantes na comunidade indígena de Monimbo em Masaya, Nicarágua, em 17 de julho de 2018.
Polícia bloqueia a estrada Pan-Americana após confrontos com manifestantes na comunidade indígena de Monimbo em Masaya, Nicarágua, em 17 de julho de 2018. REUTERS/Oswaldo Rivas
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Policiais e paramilitares encapuzados percorreram a cidade em caminhonetes, enquanto outros limpavam as ruas das pedras usadas nas barreiras de manifestantes contra o governo que haviam tomado a cidade. "Proclamamos a nossa vitória, o nosso avanço sobre essas forças diabólicas, que durante três meses tentaram “sequestrar” a paz, mas não conseguiram", disse a vice-presidente Rosario Murillo, em sua alocução diária.

O governo pretende, desta maneira, mostrar que está no controle para celebrar o 39º aniversário da revolução, embora Murillo não tenha convocado um ato, como fez em 2007, quando Ortega voltou ao poder.

“Para Daniel Ortega, é extremamente importante manter o país sob controle e acentuar sua política do terror. Nos últimos dias houve uma escalada da violência e para o presidente, é essencial manter a calma na cidade de Masaya, que é um símbolo”, disse a pesquisadora do Instituto francês CNRS, Delphine Lacombe, à RFI.

“Masaya foi a primeira cidade onde ocorreu a insurreição urbana, em fevereiro de 1978, contra Somoza. É também a cidade onde se fabrica bombas artesanais, é também a cidade onde Camillo Ortega (irmão de Daniel Ortega) foi morto. Em suma, é uma cidade carregada de simbolismo”, declara.

Habitantes fogem da cidade

Segundo o secretário da Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH), Álvaro Leiva, 200 habitantes fugiram pelas encostas da lagoa de Masaya perseguidos pela polícia por sua participação nos protestos. "Nesse momento, essas pessoas que se refugiaram nas encostas da lagoa de Masaya estão sendo perseguidas pela polícia e paramilitares, que estão usando cães para a sua busca".

Masaya foi o último reduto opositor tomado pelas forças do governo, em meio à onda de protestos iniciados em 18 de abril no país, nos quais 280 pessoas morreram. Ainda não se sabe exatamente quantas pessoas morreram na tomada de Masaya. O Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh) declarou dois mortos. Segundo o governo, um policial também morreu no protesto.

Fim da violência

Nesta quarta-feira, a Organização de Estados Americanos (OEA) aprovou uma resolução que condena a repressão a manifestantes e exortou o governo a definir um calendário eleitoral com os opositores.

O vice-presidente americano, Mike Pence, celebrou no Twitter a votação da OEA como "uma posição firme contra a violência patrocinada pelo Estado na Nicarágua”. O Secretário da presidência nicaraguense, Paul Oquist, assegurou nesta terça-feira (18) em Bruxelas que "a tentativa de realizar um golpe de Estado na Nicarágua já está acabado" e advogou pela resolução da crise mediante o diálogo.

 

 

 

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