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Brasil-Mundo

Parentes de Oswaldo Aranha visitam rua com seu nome em Tel Aviv

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No centro de Tel Aviv, uma rua homenageia um brasileiro. Trata-se da Rua Oswaldo Aranha, que leva o nome do ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, figura muito bem-vista localmente por sua participação na criação de Israel.

As irmãs Fernanda, Luísa e Paula Aranha Hapner posam com o retrato do tio-bisavô, o ex-diplomata Oswaldo Aranha, em Tel Aviv
As irmãs Fernanda, Luísa e Paula Aranha Hapner posam com o retrato do tio-bisavô, o ex-diplomata Oswaldo Aranha, em Tel Aviv Daniela Kresch
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Israel

Como embaixador do Brasil nas Nações Unidas, Aranha presidiu a Assembleia Geral da ONU que, em 29 de novembro de 1947, aprovou o Plano de Partilha da Palestina, que abriu caminho para a criação de Israel.

A convite do país, três parentes do ex-chanceler visitaram pela primeira vez o local, recebendo tratamento mais do que VIP. As jovens irmãs Fernanda, Paula e Luísa Aranha Hapner, sobrinhas-bisnetas de Oswaldo Aranha, levaram um retrato do famoso parente para eternizar a visita.

Elas são netas de Oswaldo Euclides Aranha, sobrinho do famoso ex-chanceler. Para elas, ver o nome da família imortalizado em Israel é um orgulho, como diz a curitibana Luísa, de 22 anos: “Ver uma placa aqui é com certeza um símbolo muito forte da importância que foi e do orgulho, com certeza, que toda a nossa família tem”, diz Luísa. “É, com certeza, uma grande honra para a família inteira porque é uma história que nos orgulha muito, uma história que é frequentemente relembrada”.

Oswaldo Aranha lutou para aprovação da divisão da Palestina

Oswaldo Aranha teve um papel importante na reunião da ONU que partilhou a então chamada região da Palestina – na época sob controle britânico – em duas partes: uma árabe e uma judia. A divisão foi feita de acordo com os resultados de uma comissão das Nações Unidas, que identificou as partes da região onde moravam mais judeus e mais árabes.

Em novembro de 1947, o Plano de Partilha foi colocado em votação. Historiadores afirmam que, caso Oswaldo Aranha não tivesse agido em prol da aprovação, o plano seria rejeitado.

Aranha adiou a votação por um dia para que os defensores da partilha pudessem angariar mais votos e, no dia 29 de novembro, a moção foi aprovada por 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções. Seis meses depois, o Estado de Israel foi estabelecido. No dia 15 de maio de 1948 nascia o Estado de Israel, e começava o drama dos palestinos.

Como os árabes rejeitaram a decisão da ONU, o Estado árabe nunca foi criado – fato que até hoje marca o conflito entre árabes e judeus na chamada “Terra Santa”. Há precisamente 70 anos, a aprovação do Plano de Partilha da Palestina foi o Dia da Vitória para os judeus do mundo inteiro. Certamente do lado palestino essa data nao é vista da mesma maneira.

Segundo Fernanda Aranha Hapner, de 26 anos, a importância da atuação do tio-bisavô, que ela chama de “Tio Oswaldo”, é enorme: “O Tio Oswaldo fez tudo isso, a gente tem que manter a importância. É uma responsabilidade carregar esse sobrenome e, para mim, faz completamentar parte de quem cada um é, principalmente quando é uma bagagem tão rica, que só nos orgulha”.

A influência de Oswaldo Aranha na aprovação da Partilha é muito estimada, em Israel. Existe até mesmo um museu com seu nome, no qual o martelo original usado pelo diplomata durante a sessão da ONU é guardado.  Além desse episódio, o ex-chanceler se destacou na política brasileira atuando também como ministro da Justiça e da Fazenda, além de embaixador do Brasil em Washington.

Influente no goveno Getúlio  Vargas, ele atuou também para que o Brasil se unisse aos aliados, durante a Segunda Guerra Mundial, e não à Alemanha e a Itália, como conta Fernanda Aranha Hapner: “O que a gente escuta é que o Oswaldo Aranha teve um papel ativo muito forte contra esse movimento militar para que o Brasil ficasse do lado dos aliados, foi inclusive ameaçado no próprio gabinete, mas bate o pé e disse que estava tomando uma posição para o lado mais democrático”

Mas a ligação das três irmãs com Israel não se resume ao lado materno – que leva o nome Aranha. Pelo lado paterno, elas são descendentes de judeus poloneses. Justamente por isso, se entusiasmaram em visitar Israel a convite do programa “Taglit” (“Birthright”, em inglês), que proporciona visitas gratuitas de 10 dias a Israel para jovens ligados ao judaísmo de todo o mundo.

Desde 2000, quando o programa foi criado, mais de 10 mil brasileiros já visitaram Israel. Ao todo, cerca de 650 mil jovens de até 30 anos de 66 países já visitaram Israel pelo “Taglit”, nos últimos 18 anos.

Para Paula Aranha Hapner, de 24 anos, a emoção de visitar Israel por causa das raízes judaicas é muito grande. E é complementada pela ligação dos Aranha com a criação do país. “A gente veio por causa da outra parte da nossa família, da família Hapner, que é judia e é da onde a gente tem essa primeira relação aqui com Israel. A nossa segunda relação muito importante com Israel que é a do Oswaldo Aranha”.

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