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Nicarágua/greve

Greve geral paralisa Nicarágua e tumultos deixam dois mortos

Confrontos entre partidários e opositores ao governo da Nicarágua deixaram dois mortos e dezenas de feridos nesta sexta-feira (13). O país está paralisado por uma greve geral decretada para exigir a saída do presidente Daniel Ortega.

Policial em Masaya, na Nicarágua, em 13 julho de  2018.
Policial em Masaya, na Nicarágua, em 13 julho de 2018. REUTERS/Oswaldo Rivas
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As duas mortes - de um policial e um civil - ocorreram no bairro de Monimbó, no sul da cidade de Masaya, "atacada com armas de grosso calibre" por forças ligadas ao Ortega. A denúncia foi feita por Álvaro Leiva, da Associação Nicaraguense dos Direitos Humanos (ANPDH).

Em Manágua, policiais e paramilitares mantinham sitiada a Igreja da Divina Misericórdia, onde estão refugiados dezenas de estudantes que ocupavam a Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (UNAN), alvo da repressão das forças governistas.

Segundo um médico presente no local, há pelo menos 15 jovens feridos. O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, pediu às autoridades que permitam o acesso à UNAN de especialistas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

"É urgente que parem imediatamente os ataques que neste momento acontecem em Monimbó, Masaya, e contra estudantes da UNAN e na Igreja da Divina Misericórdia", escreveu no Twitter o gabinete do Alto Comissariado nas Nações Unidas. Ambas as ações acontecem em meio à escalada da violência que já deixou mais de 270 mortos e 2.000 feridos em três meses de protestos contra o governo.

Greve paralisa o país

Esta segunda greve geral, de 24 horas, começou na madrugada de sexta, à 0h00 local (3h no horário de Brasília). A paralisação foi convocada pela Aliança Cívica para a Democracia e a Justiça, coalizão da oposição que inclui setores da sociedade civil. Um primeiro movimento social idêntico bloqueou o país em 14 de junho.

Segundo a oposição, a greve tem 90% de adesão e faz parte de uma série de ações de três dias lançada pelo campo anti-Ortega para reforçar a pressão sobre o governo. Em meio à paralisação, apoiadores de Ortega partiram de Manágua a bordo de centenas de veículos e motocicletas, balançando bandeiras rubro-negras da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN, esquerda), em direção a Masaya, 30 km ao sul.

Líder é preso

A polícia também prendeu nesta sexta (13) o líder camponês Medardo Mairena, um dos delegados opositores no diálogo com governo. Ele é acusado do assassinato de quatro policiais e de um professor da escola primária na quinta-feira (12), segundo a chefe de relações públicas da Polícia Nacional, Vilma Rosa González.

Em reunião nesta sexta-feira (13), em Washington, sete países da Organização dos Estados Americanos (OEA) também apresentaram um projeto de resolução que exorta Ortega a fortalecer as instituições democráticas e a apoiar as eleições antecipadas propostas pela oposição.

Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Peru e Estados Unidos revelaram a iniciativa durante sessão do Conselho Permanente da OEA, que reúne os 34 países membros ativos do organismo. O texto, que deverá ser analisado nos próximos dias, precisa de 18 votos para ser aprovado.

O projeto de resolução reafirma a "enérgica condenação" e a "grave preocupação" com a violência documentada pela Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH), que na quarta-feira assinalou o agravamento da repressão aos manifestantes.

A Igreja Católica, mediadora do diálogo, propôs antecipar as eleições de 2021 para 2019, mas Ortega rejeitou a proposta. Os adversários de Ortega pedem justiça, eleições antecipadas, ou a saída do presidente, acusado de repressão durante os protestos e de ter instaurado, com sua mulher, uma "ditadura" marcada pela corrupção e pelo nepotismo.

O país mais pobre da América Central registra manifestações de amplitude histórica contra Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de 72 anos. Ortega está no poder desde 2007, depois de uma passagem de 1979 a 1990. Segundo a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos (CIDH), pelo menos 264 pessoas morreram desde 18 de abril.

(Com informações da AFP)

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