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EUA/Nasa/Brasil

Adolescentes brasileiros apresentam projeto na Nasa

O Museu Aeroespacial do Smithsonian Institute vibrava mais do que nunca nesta quinta-feira (28) de verão na capital americana. Além dos milhares de visitantes que costuma receber diariamente, a instituição servia de vitrine para os mais inovadores projetos espaciais desenvolvidos por jovens estudantes finalistas do Programa de Experimentos Espaciais para Estudantes (SSEP, sigla em inglês), uma competição estudantil promovida pelo governo americano. Um grupo de adolescentes brasileiros apresentou seus experimentos.

Alunos brasileiros durante apresentação de projeto no Museu Aeroespacial do Smithsonian Institute
Alunos brasileiros durante apresentação de projeto no Museu Aeroespacial do Smithsonian Institute Ligia Hougland/RFI
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Correspondente da RFI em Washington

Esta 12a edição do SSEP teve cerca de 10 mil inscritos, representando centenas de escolas dos Estados Unidos e do Canadá e uma instituição do Brasil, o colégio particular Dante Alighieri, de São Paulo. A competição da escola paulistana contou com 72 grupos participantes e a equipe vencedora teve seu projeto selecionado pela Nasa (agência espacial dos Estados Unidos). O grupo de cinco estudantes brasileiros, de 13 a 15 anos de idade, apresentou seu experimento em Washington para um auditório lotado, em uma das maiores instituições de promoção do conhecimento aeroespacial do mundo.

Os adolescentes paulistas se apresentaram em inglês, com cada membro do grupo explicando parte do projeto, que procura descobrir como a microgravidade afeta o processo de endurecimento do cimento misturado com plástico reciclado e água. A hipótese do experimento é que o cimento combinado com o plástico verde reagirá de forma semelhante à que reage na Terra. Se isso for confirmado, será aberta a possibilidade de usar o material como matéria-prima para construções espaciais. O experimento é particularmente relevante e oportuno, já que a colonização de Marte está cada vez mais próxima de se tornar realidade e é um dos projetos preferidos do magnata Elon Musk, presidente da SpaceX.

A empolgação e o orgulho eram evidentes não só nas expressões do grupo de adolescentes, mas também nos rostos de seus pais, professores e mentores. “Eu estava tremendo e mal conseguia fazer fotos, mas o orgulho foi enorme”, disse Andrea D’Amaro, mãe de Laura D’Amaro Bittencourt, de 12 anos.

Os muitos meses de dedicação ao experimento foram recompensados com a salva de palmas recebida da plateia e com o reconhecimento da Nasa, que selecionou o projeto dos estudantes brasileiros para ser enviado à Estação Espacial Internacional (ISS), em um foguete da empresa de Musk, SpaceX. A nave foi lançada nesta sexta-feira (29).

“Isso não é uma simulação, é uma missão espacial de verdade! Vocês foram selecionados porque seu projeto tem valor”, disse Jeff Goldstein, coordenador do programa.

“Eu estava muito nervosa, mas depois que a gente subiu no palco e começou a falar e vi que tudo estava dando certo, fiquei muito mais calma”, disse Laura. Ela e seus colegas, Otto Gerbakka e Guilherme Funck, dizem que conduzir o experimento despertou neles uma vontade ainda maior de fazer mais pesquisas e explorar o espaço.

Escolas da rede pública também foram representadas

“Se me convidarem para trabalhar em Marte, não penso duas vezes. Vou e levo minha família!”, diz Natan Cardoso, 15 anos. O jovem é aluno da Escola Municipal Perimetral, uma das duas instituições da rede pública brasileira que participaram do SSEP. Outro membro do grupo selecionado pela Nasa é Sofia Palma, da ONG Projeto Âncora, de Cotia.

Lucas Fonseca, engenheiro aeroespacial é coordenador da Missão Garatéa, um dos maiores consórcios espaciais brasileiros da atualidade, propôs ao Dante uma parceria para aplicar o SSEP a 300 alunos do sétimo ano da escola, além de 35 estudantes da rede pública. “Temos muitos diamantes no Brasil que precisam ser lapidados. A ideia é que esse programa se torne uma referência e cresça exponencialmente”, disse Fonseca.

A professora e coordenadora de Ciências do colégio, Miriam Guimarães, fez questão de que o grupo sempre estivesse acompanhado da bandeira do Brasil. “É uma atividade extremamente inspiradora e emocionante para eles. Estamos super emocionados porque eles fizeram um brilhante papel, além de se apresentarem em inglês em frente a uma comunidade inteira, representando o Brasil. Estou muitos feliz de estar aqui com os alunos”, disse a professora.

Duília de Mello, astrofísica brasileira que trabalha para a Nasa e leciona na Universidade Católica, em Washington, também se entusiasmou com o programa e ofereceu hospedagem ao grupo brasileiro vencedor na universidade.

“Quanto mais cedo nós despertarmos a curiosidade da criança para projetos científicos, mais cedo ela vai despertar interesses por carreiras científicas, carreiras da área de STEM (sigla em inglês para “Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), que são tão importantes para o desenvolvimento da nossa sociedade. As escolas como o Dante, que estão fazendo isso, já começam a colher frutos. Mostra que somos capazes de fazer tudo, desde que tenhamos determinação e competência”, diz a astrofísica.

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