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Turquia/eleições

Eleições na Turquia: Erdogan à frente da corrida pela presidência com poderes reforçados

O autoritário presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, candidato a sua própria sucessão, obtinha neste domingo (24) a maioria dos votos nessas eleições antecipadas, alcançando 53,32% dos 90,2% dos votos apurados, segundo a mídia turca.  

Presidente Erdogan ao sair do local de votação neste domingo (24), em Istambul.
Presidente Erdogan ao sair do local de votação neste domingo (24), em Istambul. REUTERS/Alkis Konstantinidis
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Erdogan, que precisa de mais de 50% dos votos para evitar o segundo turno, se impõe à frente de seu principal adversário, o social-democrata Muharrem Ince, que até agora obtinha 30,4%, segundo a contagem parcial. Se nenhum candidato alcançar 50% dos votos, um segundo turno acontece no dia 8 de julho.

No ano passado, um referendo aprovou uma polêmica reforma constitucional, iniciativa de Erdogan, que vai dotar o novo presidente de poderes ampliados. O novo texto acaba com a figura do primeiro-ministro e permite que o presidente governe através de decretos.

No pleito legislativo, o partido de Erdogan, o AKP, dispõe de 43,1% dos votos, na metade da apuração. O CHP de Ince alcançava 22,3% e o Partido Democrático dos Povos (HDP), uma formação pró-curdos, obtinha 10,64%.

Segundo a TV pública, a participação foi de 87% de um total de 56 milhões de eleitores.

Ambição

Em 15 anos de governo, Erdogan se impôs como o mais poderoso líder turco desde o fundador da República, Mustafa Kemal. Ele transformou a Turquia por meio de megaprojetos de infraestrutura e liberou a expressão religiosa, tornando Ancara um importante ator regional.

Mas seus críticos acusam o "rais" de 64 anos de autoritarismo, especialmente desde a tentativa de golpe de julho de 2016, seguida de grandes expurgos que atingiram os mais diversos setores da sociedade, incluindo opositores e jornalistas, e que causaram preocupação na Europa.

Erdogan também usa o islamismo como bandeira, estimulando a construção de mesquitas por todo a Turquia, que oficialmente é um país laico. Analistas também temem que o atual presidente tenha como objetivo transformar o país em uma ditadura religiosa, como acontece no Irã.

Crise econômica e oposição em bloco

Confiante, o chefe de Estado convocou essas eleições durante o estado de emergência e mais de um ano antes da data prevista. Mas foi surpreendido pelo agravamento da situação econômica e por uma oposição unida.

A campanha foi marcada por uma cobertura da mídia muito injusta em favor do presidente turco, cujos discursos foram transmitidos pela televisão. O candidato do partido pró-curdo HDP, Selahattin Demirtas, foi forçado a fazer campanha a partir de uma cela: acusado de atividades "terroristas", ele está preso desde 2016. 

Participação curda decisiva

Um dos fatores determinantes dessas eleições será justamente a participação do eleitorado curdo.Se o HDP ultrapassar os 10% dos votos necessários para entrar na Assembleia, o AKP poderá perder a maioria parlamentar. Mas se não conseguir ultrapassar esse limite, o AKP colherá, por redistribuição, a maioria de seus votos.

Temendo fraudes, especialmente no sudeste, dominado pelos curdos, opositores e ONGs mobilizaram centenas de milhares de observadores para monitorar as urnas. Depois de votar em seu reduto de Yalova (noroeste), Ince disse que iria a Ancara para esperar pelos resultados em frente à sede da alta autoridade eleitoral.

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