Arquivos de julgamento de Auschwitz são inscritos na Unesco

Os arquivos do julgamento de Auschwitz, que colocou os alemães diante de seu passado nazista, foram inscritos no registro da "Memória do Mundo" da Unesco, informou nesta quarta-feira (16) a diplomacia alemã.

Campo de concentração de Auschwitz em Oświęcim na Polônia AFP/ BARTOSZ SIEDLIK

A inscrição desses relatórios da década de 1960 mostra "seu importante significado para o patrimônio comum da humanidade", destacou o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, em um comunicado.

Maas recordou o "papel especial" de julgamentos como o de Auschwitz, pois "eles abriram o caminho para um olhar crítico da sociedade como um todo" e permitiu destacar “o papel dos alemães como cidadãos, participantes, simpatizantes e criminosos" nos abusos cometidos pela Alemanha nazista entre 1933 e 1945.

O ministro também observou o importante papel desempenhado por "pessoas corajosas como Fritz Bauer", o promotor por trás deste julgamento e da prisão na Argentina do criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann, graças às informações transmitidas em segredo ao Mossad israelense.

Alemães julgando alemães

Em 20 de novembro de 1963 começava o julgamento de 22 membros da SS do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia ocupada pelos nazistas. Pela primeira vez, alemães julgaram outros alemães pelos crimes cometidos no tempo de Adolf Hitler. Foi também a partir deste julgamento que os jovens alemães começaram a exigir que seus pais prestassem contas e avaliaram o alcance da máquina criminosa nazista.

Quase 1,1 milhão de pessoas, em sua grande maioria judeus, foram exterminadas no campo de Auschwitz-Birkenau até sua libertação em 27 de janeiro de 1945.

Com informações da AFP.