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Irã / Europa / Política / Economia / Nuclear

Europa estuda alternativas políticas e econômicas para manter Irã em acordo nuclear

Os europeus iniciaram nesta quarta-feira (9) as discussões para convencer Teerã a não sair do acordo que regula seu programa nuclear. A manutenção deste compromisso é vista pela Europa como o único meio para lutar contra a proliferação nuclear no Oriente Médio após a saída dos Estados-Unidos.

O presidente francês Emmanuel Macron e seu homólogo iraniano Hassan Rohani, em setembro do ano passado, durante Assembleia geral da ONU.
O presidente francês Emmanuel Macron e seu homólogo iraniano Hassan Rohani, em setembro do ano passado, durante Assembleia geral da ONU. LUDOVIC MARIN / AFP
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O presidente francês Emmanuel Macron conversou hoje, por telefone, com seu homólogo iraniano Hassan Rohani. Os dois chefes de Estado concordaram em “prosseguir o trabalho conjunto (...) buscando garantir a preservação do acordo nuclear e a estabilidade regional, a longo prazo”, declarou o governo francês. Sair do acordo nuclear é um "erro", advertiu Macron. “Nós iremos respeitar o acordo e faremos todo o possível para que o Irã siga com suas obrigações”, declarou também a chanceler alemã Angela Merkel.

Os chefes da diplomacia dos três países europeus signatários do acordo (França, Alemanha e Reino Unido) irão se encontrar no começo da semana que vem com seu homólogo iraniano Mohammad Javad Zarif, afirmou o chanceler francês Jean-Yves Le Drian.

As autoridades europeias também falarão com China e Rússia, os outros signatários do acordo, para coordenar uma resposta. Uma diplomata da UE afirmou que isso não deve ser visto como uma tentativa de "isolar" Washington.

Apesar da importância desses gestos políticos, o Irã exige garantias concretas de que protegerão as trocas comerciais retomadas com o acordo, ainda que Washington imponha novamente as sanções. "Caso não consigam obter uma garantia definitiva - e realmente duvido que consigam -, não podemos seguir assim" afirmou o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país. "Temos que falar de incentivos para que o Irã se mantenha no acordo. Isso significa que precisamos encontrar os meios de absorver o impacto econômico da reimposição das sanções pelos Estados Unidos", explicou um diplomata europeu à AFP.

Estratégia

Londres, Berlim e Paris mantiveram em segredo os detalhes de sua estratégia, mas um relatório do grupo de especialistas International Crisis Group (ICG) esboçou medidas que poderiam tranquilizar as empresas que trabalham com o Irã. Isso poderia ajudar os responsáveis iranianos moderados a persuadir os partidários de uma linha dura a continuar no acordo.

Os países da União Europeia poderiam recorrer a suas agências públicas de investimento para cobrir os riscos que as empresas poderiam enfrentar por comercializarem com o Irã, sugere o ICG. Ao mesmo tempo, franceses, alemães e britânicos poderiam apoiar conjuntamente projetos de infraestruturas no Irã por meio de suas agências de desenvolvimento.

Outra opção, sobre a qual funcionários europeus falaram nas últimas semanas, seria converter o Irã em um país elegível para receber empréstimos do Banco Europeu de Investimentos (BEI). Isso daria a Teerã o acesso ao financiamento internacional em euros para evitar as sanções americanas às transações em dólares. "Podem tentar fazer negócios em outras moedas, como o euro, mas são necessários bancos ativos neste campo", explica um diplomata europeu. "Não é fácil para os bancos que fazem negócios com os Estados Unidos. Por isso fizemos pensando no BEI", acrescenta. Ainda assim, para o ex-chanceler francês Hubert Védrine, evitar as transações em dólares é algo “muito, muito complicado no mundo real” advertiu, em declarações à rádio France Inter.

Outra alternativa que pairou sobre Bruxelas nas últimas semanas: a UE poderia resistir às sanções americanas, adaptando uma regulamentação de 1996 criada inicialmente para contornar a lei Helms Burton, que aplicava sanções às empresas que negociavam com Cuba.

O regulamento permite às empresas e aos tribunais europeus evitar se submeter às leis de sanções adotadas por países terceiros e estipula que as decisões de tribunais estrangeiros baseadas nessas leis não têm efeito na UE.

O efeito dessa lei, cuja eficácia não foi realmente comprovada, seria mais simbólico do que econômico, segundo uma fonte europeia. "Se uma empresa opera no grande mercado americano e no pequeno mercado iraniano, não se beneficia muito do fato de que seus negócios estejam protegidos na Europa e no Irã, mas não nos Estados Unidos", estima esta fonte. Contudo, "isso poderia ajudar empresas de médio porte especializadas no Oriente Médio", acrescentou.

Prazo para novas sanções

Washington concedeu um período de seis meses para que as empresas liquidem as suas operações no Irã antes de voltar a impor sanções. “As empresas simplesmente não querem correr o risco de cair em desgraça com os Estados Unidos”, afirmou Norbert Roettgen, chefe do comitê de Relações Exteriores do parlamento alemão. "Quem investir no Irã será duramente atingido pelas sanções americanas e esse custo não poderá ser compensado", declarou à revista alemã Der Spiegel. Antes do anúncio de Trump, os funcionários da UE admitiram que já estavam vendo um "efeito paralisante sobre os operadores comerciais".

Com informações da AFP

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