Rússia ensaia mediação em crise na Armênia, sacudida por protestos
Desde o dia 13 de abril, milhares de pessoas descem diariamente às ruas. Até então, a principal exigência era a saída do primeiro-ministro e ex-presidente Serzh Sarkisian do poder. Na segunda-feira (23), a demissão do dirigente não pôs fim aos protestos. A Rússia, até então afastada da crise, começa a se estabelecer como mediadora.
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A manifestação contra o governo continuou nesta quinta-feira (26) após o deputado e opositor Nikol Pachinian exigir “rendição total” do partido no poder. Os manifestantes pedem o fim da corrupção e uma política eficaz na luta contra a pobreza no país.
O presidente do parlamento Armênio, Ara Bablian, convocou uma reunião extraordinária para o dia 1º de maio a fim de eleger um novo primeiro-ministro.
O vice-primeiro-ministro armênio, Armen Guevorkian, e o ministro armênio das Relações Exteriores, Edouard Nalbandian, nesta quinta-feira (26) em Moscou para “consultas de trabalho”, indicou à AFP um porta-voz do governo armênio, sem dar mais explicações.
Esses encontros acontecem um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, falar por telefone com seu colega armênio, Armen Sarkisian. Na conversa, ambos defenderam que "todas as forças políticas (na Armênia) mostrem moderação e responsabilidade".
Já Pachinian foi recebido na embaixada da Rússia na Armênia para “discutir da situação de Erevan e do país”, informa um comunicado da missão diplomática russa.
Diálogo
O governo russo pediu aos organizadores das manifestações que “mantenham um diálogo construtivo com as autoridades e com as outras forças políticas", ressaltando que "a situação deve ser regulada unicamente no âmbito constitucional e no interesse de todos os cidadãos da Armênia".
Até agora, Moscou se manteve afastada da crise que levou à renúncia do premiê Serzh Sarkisian, alegando se tratar de um "problema interno armênio". A Rússia absorve cerca de um quarto das exportações armênias e conta com uma base militar no país.
Candidato do povo
Com um megafone na mão, o principal opositor, Nikol Pachinian, se diz o “candidato do povo” ao posto de primeiro-ministro. Ele liderou novamente o protesto desta quinta (26), que reuniu milhares de pessoas.
Ontem, Pachinian afirmou que “se o partido no poder tiver a audácia de propor um candidato, o povo irá cercar imediatamente os edifícios do parlamento e do governo”. A candidatura de Panichian deve ser anunciada nos próximos dias e ele deve concorrer pelo bloco de oposição Yelk.
O parlamento armênio irá se reunir na próxima quinta-feira (1º de maio) para discutir sobre a escolha do próximo primeiro-ministro. “Tudo depende do número de candidatos propostos pelos partidos, se muitos deputados irão pedir o direito à palavra (...). Mas é bem provável que possamos eleger um novo primeiro-ministro já no dia 1º de maio” contou à AFP o vice-presidente do parlamento, Edouard Charmazanov.
No parlamento, um candidato precisa de 53 votos para ser eleito. Segundo um responsável do bloco Yelk, Nikol Pachinian deve contar, nesse momento, com o apoio de somente 40 deputados. O Partido Republicano, no poder, possui 58 cadeiras e tem, na teoria, todas as chances de eleger um novo candidato.
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