Erdogan antecipa eleições para reforçar poder presidencial na Turquia
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan anunciou nesta quarta-feira (18) a realização de eleições presidenciais e legislativas antecipadas em 24 de junho, um ano e meio mais cedo do que previsto, nas quais deverá brigar por um novo mandato. O objetivo é o aumento das prerrogativas presidenciais, adotadas por meio de referendo constitucional, em abril de 2017. Ele deve brigar por um novo mandato.
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"Decidimos organizar essas eleições no domingo 24 de junho de 2018", declarou Erdogan após uma reunião "muito produtiva" com o líder do partido ultranacionalista MHP, Devlet Bahçeli, que solicitou na terça-feira (17) as eleições antecipadas.
A decisão surpreendeu muitos observadores da comunidade internacional. Líderes turcos, incluindo Erdogan, negaram em diversas ocasiões, nas últimas semanas, os "boatos" de eleições antecipadas. O pleito será crucial porque marcará a entrada em vigor da maioria das medidas reforçando as prerrogativas do chefe de Estado.
A revisão constitucional permite a Erdogan, de 64 anos, brigar por dois outros mandatos presidenciais de cinco anos. O homem forte da Turquia está no poder desde 2003, primeiro como chefe do governo, depois como presidente.
Justificativa de Erdogan é gestão de crise na Síria
Erdogan justificou esta decisão pela necessidade, segundo ele, de passar rapidamente para o sistema presidencial, a fim de enfrentar a "aceleração dos desenvolvimentos na Síria" e a necessidade de adotar rapidamente "decisões importantes" sobre a economia.
"O Alto Comitê Eleitoral vai começar imediatamente os preparativos para esta eleição", indicou o presidente turco durante declaração em Ancara, na presença de membros de sua formação política, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP). Neste momento, a Turquia conduz uma ofensiva contra uma milícia curda na Síria. Além disso, o país vive uma situação econômica delicada, apesar do crescimento.
Segundo o calendário inicial, as eleições deveriam acontecer simultaneamente em 3 de novembro de 2019. Vários observadores suspeitavam da decisão de Erdogan de adiantar o pleito para capitalizar sobre a ofensiva na Síria e reduzir os riscos de ir às urnas com uma situação econômica ainda mais complicada.
O anúncio de Erdogan ocorre exatamente um ano após o referendo constitucional realizado em 16 de abril de 2017 e vencido pelo presidente turco, com pouca margem. Após a consulta, o chefe de Estado lançou um grande processo de limpeza dentro do seu partido. Os prefeitos de Istambul e Ancara, duas cidades que votaram 'Não' ao referendo, foram substituídos.
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