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Turismo

Excesso de turistas no mundo preocupa profissionais do setor

A questão do número pessoas que frequentam as cidades mais visitadas do planeta foi um dos principais temas da Feira de Turismo de Berlim (ITB na sigla em inglês), evento que acontece nesse momento na capital alemã. O chamado “turismo excessivo” preocupa os profissionais do setor que, temendo a saturação, tentam encontrar uma solução.

Veneza está tentando limitar o número de grandes navios de cruzeiro que se aproximam da cidade.
Veneza está tentando limitar o número de grandes navios de cruzeiro que se aproximam da cidade. Rellandini/File Photo
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"Em 2030, haverá 1,8 bilhão de turistas no mundo. Uma coisa é certa: este crescimento infinito é impossível em um espaço que é limitado, o que gera cada vez mais conflitos visíveis", constata Roland Conrady, diretor científico da ITB, conclave anual dos profissionais do setor que abriu suas portas nesta quarta-feira (7) e vai até domingo (11). De 1995 a 2016, o número de viajantes internacionais passou de 525 milhões para mais de 1,2 bilhão graças às companhias aéreas de baixo custo. Outro elemento agravante foi o aumento de turistas oriundos de mercados emergentes como China, Índia e países do Golfo.

O ano de 2017 foi marcado por um aumento recorde de 7% no número de turistas no mundo, e por inéditos movimentos de rejeição ao turismo de massa, que desfigura ou expulsa as populações locais dos lugares onde vivem. Foi o caso de Barcelona, na Espanha, que luta contra as locações temporárias, ou Dubrovnik, na Croácia, que impõe cotas a seus visitantes.

Todos querem evitar o que aconteceu na Tailândia, onde os corais da famosa Maya Bay não sobreviveram aos banhistas, e o lugar está ameaçado de fechamento.

Limitar o acesso ou aumentar os preços

Os profissionais do setor estudam alguns caminhos possíveis para se assegurar de que o turismo não se autodestruirá: o primeiro e mais evidente, além de ser mais positivo para as economias locais, é repartir melhor o fluxo de visitantes.

Veneza, na Itália, por exemlo, já limita o acesso de sua lagoa aos imensos barcos de cruzeiro. Com 265 mil habitantes e 24 milhões de visitantes por ano, a cidade também edita um guia mensal chamado "Deturismo", que realça outros locais secundários com a esperança de dissuadir os turistas de se concentrarem em massa na praça de São Marcos.

"Sempre são os mesmos 'tours', sempre os mesmos lugares... No México, as pessoas só pensavam em Cancún, mas finalmente conseguimos levá-los à rota dos maias", explica na ITB Gloria Guevara, presidente da federação internacional do turismo (WTTC). Ele recorda que o setor representa 10% do PIB mundial, e que "o bairro invadido por um representa uma fonte de ingressos para outro".

Outra solução é aumentar os preços para dissuadir. A Torre Eiffel, em Paris, financiou suas obras de renovação aumentando 50% seu bilhete de entrada. Sua gêmea de Dubai, a imensa torre Burj Jalifa, propõe quatro tarifas diferentes segundo a hora do dia, sendo a mais cara ao pôr do sol.

Tecnologia é aliada e inimiga

A tecnologia permite também regular os fluxos, em especial em Amsterdã, onde um site informa em tempo real aos visitantes do tempo de espera que há nas filas. Em breve, um novo aplicativo lhes indicará os lugares a evitar.

Mas a internet também propulsou os sites de locação temporária do tipo Airbnb, que fazem com que os preços imobiliários disparem. A hospedagem mais barata também atrai festeiros, suscitando rejeição extrema entre a população local.

Segundo o primeiro estudo sobre o "turismo excessivo", realizado pela empresa de consultoria McKinsey, 36% dos moradores das zonas que sofrem este fenômeno consideram que "os visitantes internacionais" geram uma "pressão excessiva". Há seis meses, eram apenas 18%.

Mas os profissionais do setor apostam em uma mudança de comportamento por parte dos turistas de 18 a 35 anos. Mais aventureira que a dos baby-boomers, esta geração "se dispersará mais, por medo a ficar decepcionada se visita um só lugar", ou pelo medo de que pessoas demais vão ao mesmo tempo a esse lugar, segundo a análise da McKinsey.

(Com informações da AFP)

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