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Rússia/Eleição

Conheça Ksenia Sobtchak, única mulher na corrida presidencial russa

Aos 36 anos, a ex-apresentadora de televisão Ksenia Sobtchak é a única mulher entre os sete candidatos para a eleição presidencial russa. Apesar de ter poucas chances de ganhar, ela chama a atenção da mídia com um programa “contra todos”, no qual denuncia a falta de diversidade política na Rússia.

Filha do ex-prefeito de São Petersburgo, Ksenia Sobtchak ficou conhecida principalmente como apresentadora de televisão.
Filha do ex-prefeito de São Petersburgo, Ksenia Sobtchak ficou conhecida principalmente como apresentadora de televisão. REUTERS/Maxim Shemetov
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Ela deu o que falar no final de fevereiro, ao participar de um debate na televisão que contou com a presença de todos os candidatos à presidencial russa, com exceção do atual chefe de Estado, Vladimir Putin. Durante o programa, Ksenia Sobtchak pediu que seu rival, o ultranacionalista Vladimir Jirinovski, se acalmasse, quando o concorrente retrucou: “Cala a boca, sua idiota”. A candidata disse que não admitia ser tratada dessa forma e, sem pensar duas vezes, jogou um copo d’água no rosto de Jirinovski que, em resposta, a tratou de “prostituta” e “menina nojenta”. A história continuou nesta quarta-feira (7), quando a candidata afirmou ter sido agredida na rua, no que teria sido uma reação a seu comportamento durante o debate televisivo. 

Além de dar uma ideia do nível da campanha presidencial no país, cujo primeiro turno acontece no dia 18 de março, o episódio mostrou mais uma vez a forte personalidade de Ksenia Sobtchak, uma das surpresas do pleito. Principalmente após o candidato Alexeï Navalny, um dos únicos com potencial para derrotar Putin, ter sido excluído da corrida presidencial depois de ter sido condenado por desvio de dinheiro.

Próxima do que os especialistas chamam de “oposição liberal”, a candidata é conhecida do grande público russo. Jornalista formada no Instituto de Ciências Políticas de Moscou (MGIMO), Ksenia começou sua carreira profissional bem longe da política, apresentando programas de reality show na televisão.

Ksenia Sobtchak joga água em rival durante campanha eleitoral russa

Apresentadora de televisão e sucesso no Instagram

Suas aparições em clipes de rap, ainda loira e de biquíni, comentando o mundo da moda como editora da L’Officiel Rússia, ou ainda na capa da revista Playboy, fizeram dela uma das personalidades mais conhecidas do público jovem, adorada, mas também detestada por muitos. Superativa nas redes sociais, com mais de cinco milhões de seguidores no Instagram, ela chegou a ser considerada, em 2012, uma das dez mulheres mais influentes da Rússia.

No entanto, Ksenia sempre teve uma veia contestadora. Principalmente após ter apresentado um programa de jornalismo investigativo na TV Rain, uma das poucas emissoras independentes do país. Em 2012, durante as eleições presidenciais, ela realizou vídeos nos quais denunciava fraudes no pleito, mostrando pessoas que votaram várias vezes em diferentes zonas eleitorais. Ela chegou a ser presa durante essa campanha.

Filha do mentor de Putin

Porém, mesmo se aponta as falhas do sistema russo, a jovem raramente critica abertamente o presidente Vladimir Putin. Uma das razões, segundo os analistas, é o fato de que seu pai, Anatoli Sobtchak, ex-prefeito de São Petersburgo morto em 2000, era um amigo e mentor do atual presidente. Ele foi um dos responsáveis da entrada do líder do Kremlim no mundo da política, quando o chefe de Estado ainda era um agente do KGB.

Essa proximidade indireta de Ksenia com Putin, aliás, faz alguns opositores alegarem que ela seria apenas uma marionete do governo e que teria se candidatado apenas para diluir ainda mais a oposição. O próprio Navalny, que pede que os eleitores boicotem o pleito, diz que ela faz parte de uma estratégia para levar os russos às urnas, legitimando a eleição.

Mesmo assim, a candidata avança na campanha, multiplicando entrevistas, inclusive para a imprensa estrangeira. Ela, que também tem passaporte norte-americano, se destaca em jornais nas redes de televisão CNN ou BBC, enquanto seus concorrentes sofrem da falta de credibilidade e de visibilidade no âmbito internacional. A cada aparição, ela martela que não pretende ganhar a eleição, e sim chamar a atenção para a situação política “injusta” de seu país.

Defensora da privatização e do casamento gay

Ela defende uma política mais próxima do ocidente, aposta na privatização dos serviços públicos, critica a anexação da Crimeia e é favorável ao casamento gay. Mas sua plataforma de campanha tem como slogan apenas um categórico “Contra Todos”. Em uma entrevista após anunciar sua candidatura, ela disse que era “contra todas as pessoas, inclusive Putin, que se eternizam no poder durante 18 anos”.

Sua plataforma de campanha, sem muitas propostas concretas, tem atraído cada vez mais eleitores, principalmente entre os jovens. No entanto, mesmo se ela estima ficar em quarto ou quinto lugar, apostando em 3% dos votos, as pesquisas de opinião, como as do instituto VTsIOM, apontam que ela não deve ultrapassar 1,6%.

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