Manvendra Singh Gohil, o príncipe indiano que defende a causa LGBT
Os príncipes indianos são conhecidos por sua virilidade, sua bravura e seus muitos descendentes. Um deles, no entanto, destacou-se por outro motivo: Manvendra Singh Gohil revelou sua homossexualidade há vários anos. Isso lhe valeu ser condenado ao ostracismo dentro de sua própria família. Mas não o suficiente para impedi-lo de fazer campanha pela causa LGBT. Na Índia, onde a homossexualidade ainda é considerada crime, Singh Gohil anunciou que estava transformando seu grande castelo em um centro de acolhimento e de formação profissional para homossexuais.
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Sébastien Farcis, correspondente da RFI na Índia
Manvendra Singh Gohil usa o chapéu tradicional e a túnica colorida elegante de seu clã real indiano. Seus dedos são adornados com safiras e diamantes, e todas as suas roupas cerimoniais indicam seu grau de príncipe, dentro da realeza.
Mas essa fachada austera desaba rapidamente quando ele começa a falar. Sua voz é doce, seus gestos são afeminados e seu discurso, acima de tudo, é muito mais liberal do que a maioria dos membros das antigas famílias reais indianas.
Ele é o único príncipe no país a declarar abertamente que é homossexual, e isso não foi fácil. Desde a puberdade, ele sempre sentiu uma atração pelos homens, mas ninguém à sua volta poderia imaginar ou mesmo conceber essa escolha.
Então, ele se casou com outra princesa, e todos achavam que isso “passaria”. Mas a união não foi sequer consumada e ele se divorciou rapidamente. Foi quando o príncipe se afundou em uma depressão.
A transformação do castelo real
Manvendra Singh Gohil finalmente revelou sua homossexualidade há cerca de dez anos. Sua família não admitiu a confissão de sua orientação sexual e publicou uma nota no jornal anunciando que ela não mais o reconhecia como parte da família.
Isso não o impediu de iniciar sua luta pela causa homossexual. Em 2000, mesmo antes de divulgar publicamente sua orientação, ele criou a Lakshya Trust, uma associação que ajuda pessoas gays e com AIDS.
Hoje, Mavendra Singh Gohil, de 52 anos, decidiu ir ainda mais longe: ele converterá seu castelo, herdado de sua família real, em um centro de acolhimento para homossexuais.
O castelo de Manvendra Singh Gohil no campo de Gujarat inicialmente terá como objetivo receber pessoas gays que foram repudiadas e expulsas de casa.
Mudança na legislação
Este tipo de rejeição familiar acontece regularmente na Índia. A homossexualidade está começando a ser tolerada em algumas grandes cidades indianas, mas não nas cidades menores e nas aldeias do país.
O local também servirá como centro de atendimento para pacientes com AIDS e formação profissional. Uma evolução pioneira, enquanto que uma lei indiana de 1861, do período colonial, mas ainda em vigor, castiga com a prisão perpétua qualquer ato homossexual.
Esta lei torna a comunidade LGBT muito vulnerável na Índia. O Tribunal de Recurso de Nova Délhi chegou a revogar esta lei em 2009, mas o julgamento foi posteriormente revogado pelo Supremo Tribunal do país.
A esperança permanece, porque este mesmo Supremo Tribunal concordou, na semana passada, em reexaminar este texto antigo, talvez para permitir práticas homossexuais e para ajudar pessoas, como o príncipe de Gujarat, a se assumirem.
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