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Tunísia

Berço da "Primavera Árabe", Tunísia enfrenta nova onda de protestos

Mais de 200 pessoas foram detidas e dezenas ficaram feridas em várias cidades da Tunísia na madrugada de terça para quarta-feira (10), após uma segunda noite de distúrbios causados pela adoção de medidas de austeridade pelo governo.

Manifestação de estudantes tunisianos nesta terça-feira (9) contra a alta dos preços e dos impostos.
Manifestação de estudantes tunisianos nesta terça-feira (9) contra a alta dos preços e dos impostos. REUTERS/Zoubeir Souissi
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O país do norte da África, que foi berço da Primavera Árabe no início de 2011, enfrenta um movimento de reivindicações sociais devido à alta dos preços e ao aumento de impostos.

Um supermercado da rede Carrefour do sul da capital, Túnis, foi saqueado, conforme informou o ministro do Interior, Khlifa Chibani. Ele acrescentou que 49 policiais haviam ficado feridos em confrontos em todo país e 206 pessoas foram detidas.

Para o ministro, os agitadores "estão sendo pagos" por opositores. O poderoso sindicato de trabalhadores UGTT condenou as depredações e os saques, convocando os tunisianos a se manifestar de forma pacífica.

Na terça-feira (9) à tarde e à noite, a polícia e o exército foram mobilizados em várias cidades, entre elas Tebourba, 30 km a oeste da capital. Nessa localidade, centenas de jovens tomaram as ruas após o enterro de um homem de 45 anos morto nos distúrbios da noite anterior.

Persiste a polêmica sobre as causas da morte desse homem, que está sendo considerado um "mártir" pelos manifestantes. Os resultados da necrópsia feita ontem não foram divulgados. As autoridades negam que ele tenha morrido nas mãos da polícia e destacaram que ele não apresentava qualquer sinal de violência. O porta-voz do Ministério do Interior disse apenas que o indivíduo tinha "problemas respiratórios".

Também houve incidentes em Gafsa (sul), Kasserine (centro), ou Sidi Bouzid, cidade pobre do centro do país, onde eclodiu, em dezembro de 2010, o protesto social que marcaria o início da "Primavera Árabe".

Programa do FMI gera insatisfação

Após vários anos de marasmo econômico e de contratações na função pública, a Tunísia se vê ameaçada por uma crise financeira. A inflação ultrapassou a marca de 6% em 2017, enquanto a dívida e o déficit comercial do país atingiram patamares preocupantes.

Em 2016, o governo tunisiano obteve uma linha de crédito de € 2,4 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI), em troca da aplicação de um programa de redução dos gastos públicos.

Ontem à noite, o deputado de oposição Adnane Hajji justificou a violência no plenário da Assembleia: "se o governo rouba, evidentemente que o povo vai roubar". O partido islamita Ennahda, membro da coalizão no poder, lançou um alerta contra "aqueles que dão cobertura política para justificar atos de violência e vandalismo".

Movimento civil pede reação da população

Ativistas que lançaram no início do ano a campanha "Fech Nestannew" – algo como "o que estamos esperando?, em português" – contra a alta dos preços organizam um novo protesto na próxima sexta-feira (12). O movimento civil defende uma revisão da lei orçamentária que aumentou vários impostos, maior cobertura social para famílias de baixa renda e um combate mais eficaz da corrupção.

Desde a queda do ex-ditador Zine El Abidine Ben Ali, no dia 14 de janeiro de 2011, o mês de janeiro passou a ser um período de reivindicações na Tunísia. Este ano, o contexto está particularmente tenso pela proximidade das primeiras eleições municipais no país após a revolução, marcadas para o mês de maio.

* Com agências internacionais

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