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Irã

EUA e Rússia trocam farpas sobre Irã no Conselho de Segurança

O Conselho de Segurança das Nações Unidas se dividiu nesta sexta-feira (5), durante uma reunião de emergência convocada para discutir a repressão aos protestos no Irã, com Estados Unidos e Rússia ocupando lados opostos. Washington e Moscou trocaram farpas sobre a questão, enquanto vários países manifestaram sua oposição sobre a tentativa de ingerência do governo americano em assuntos internos de Teerã.

A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, declarou, durante reunião do Conselho de Segurança na ONU, na sexta-feira (5), que o regime iraniano está "de sobreaviso".
A embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, declarou, durante reunião do Conselho de Segurança na ONU, na sexta-feira (5), que o regime iraniano está "de sobreaviso". REUTERS/Lucas Jackson
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A embaixadora dos EUA, Nikki Haley, que convocou a reunião, declarou que "o regime iraniano está agora de sobreaviso: o mundo ficará observando o que fizerem". "Os iranianos estão mobilizados em mais de 79 cidades em todo o país", disse Haley ao Conselho. "É uma demonstração poderosa das pessoas, fartas com o governo opressivo, que estão dispostas a arriscar sua vida nos protestos", reiterou. 

O embaixador russo no Conselho, Vassily Nebenzia, lamentou a perda de vidas nas manifestações que mobilizaram opositores do regime iraniano de 28 de dezembro a 1° de janeiro, mas fez um apelo: "deixem o Irã cuidar de seus próprios problemas".

Alguns diplomatas esperavam que a Rússia convocasse uma votação processual para bloquear a reunião, mas Nebenzia não fez a solicitação.

21 mortos nas manifestações no Irã

A onda de protestos, principalmente contra o alto custo de vida, chegou a diversas cidades do país. Em algumas ocasiões, teve um tom mais político e provocou atritos violentos que deixaram 21 mortos, em sua maioria manifestantes. 

As forças de seguranças reprimiram duramente as manifestações e Teerã bloqueou as redes sociais utilizadas pelos militantes para organizar os protestos. Na quinta-feira, o regime anunciou "o fim dos protestos", minimizando a importância deles. Em paralelo, partidários do presidente iraniano Hassan Rohani realizaram marchas de apoio a seu governo durante a semana. 

As autoridades iranianas acusam a CIA, Israel e a Arábia Saudita de estarem por trás dos distúrbios, apoiando "grupos contra-revolucionários" e os Mudjahedines do Povo, o principal grupo de oposição no exílio.

Washington tem reforçado a pressão sobre o Irã, e o presidente americano Donald Trump se comprometeu a ajudar os iranianos a "recuperar" sua liberdade. Os Estados Unidos já adotaram sanções unilaterais contra cinco companhias vinculadas ao programa de mísseis balísticos de Teerã.

Críticas à convocação do Conselho de Segurança

O embaixador do Irã junto à ONU, Gholamali Khoshroo, qualificou a reunião de "farsa" e "perda de tempo" e declarou que o Conselho deveria se concentrar no conflito palestino-israelense e na guerra no Iêmen. 

Já o embaixador russo disse que se a intenção americana de realizar a reunião de emergência estivesse correta, o Conselho de Segurança também deveria ter discutido os distúrbios de 2014 em Ferguson, Missouri, após um policial matar um adolescente negro, ou a repressão ao movimento Occupy Wall Street.

A China também descreveu a reunião como uma intromissão nos assuntos do Irã, enquanto Etiópia, Kuwait e Suécia manifestaram reservas sobre a discussão.

Grã-Bretanha e França reafirmaram que o Irã deve respeitar os direitos dos manifestantes. No entanto, o embaixador francês, François Delattre, avaliou que os "acontecimentos dos últimos dias não constituem uma ameaça para a paz e a segurança internacionais".

Suspensão de sanções contra o Irã

Donald Trump deve decidir na próxima semana se mantém a suspensão das sanções ligadas à questão nuclear, adotada em virtude do acordo de 2015. O compromisso prevê que o presidente americano ratifique a medida a cada quatro meses; o próximo prazo vence no dia 12 de janeiro.

A economia do Irã cresceu 12%, após a suspensão das sanções pelo acordo nuclear firmado em 2015 com as grandes potências. Mas os analistas acreditam parte deste crescimento vem da venda do petróleo, algo que gera poucos empregos.

(Com informações da AFP
 

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