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Imprensa/Irã

Participação do Irã no conflito sírio é uma das causas dos protestos no país

Os jornais franceses desta terça-feira (2) analisam a onda de protestos no Irã que já deixou mais de 20 mortos desde a ultima quinta-feira (28). Somente na noite dessa segunda-feira (1), em Isfahan, no centro do país, nove pessoas morreram nos confrontos entre a polícia e manifestantes. As manifestações e a repressão se intensificam. O custo da participação do Irã no conflito sírio é uma das causas apontadas pelos protestos no país.

Capa do jornal Libération desta terça-feira, 2 de janeiro de 2018
Capa do jornal Libération desta terça-feira, 2 de janeiro de 2018 Reprodução
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“Um grito persa”, escreve em sua manchete Libération. O jornal explica que o movimento, o maior desde os protestos de 2009 contra a reeleição de Ahmadinejad, foi impulsionado por reivindicações econômicas, isto é, contra o desemprego e o alto custo de vida. As manifestações, que começaram em Mashhad, a segunda maior cidade iraniana, ganham o país. A polícia interveio para dispersar as passeatas, provocando mortes nos confrontos.

As críticas ao regime se ampliam e fragilizam o poder em Teerã. “Os protestos não são nem uma revolução, nem um movimento político, mas uma explosão das frustrações provocadas pela estagnação política e econômica”, analisa um especialista entrevistado por Libération. Um ponto importante do descontentamento é o apoio iraniano, principalmente financeiro, a grupos palestinos ou libaneses, como o Hezbollah.

Consequência do conflito sírio

Em seu editorial, o jornal alerta que as manifestações iranianas são uma consequência dos seis anos de guerra na Síria. Além da tragédia humana que ele representa para o povo sírio, o conflito redefiniu as cartas no cenário regional e internacional. A participação iraniana nos combates aumentou a influência do país na região, mas pesou nos cofres públicos.

“A revolta pode ameaçar o presidente Rohani, que foi reeleito em maio do ano passado prometendo melhorar a situação econômica do país?” se pergunta o diário. É cedo para dizer! A imprensa não é livre no Irã e o governo interveio rapidamente nas redes sociais para tentar limitar a expansão do movimento.

Além disso, não se pode descartar a possibilidade de forças conservadoras, ligadas ao regime, estarem insuflando os protestos para desestabilizar o presidente reformador, Hassam Rohani. O certo é que as duas potências rivais do Oriente Médio, a sunita Arabia Saudita, e o xiita Irã, vivem o mesmo estado de ebulição, com reivindicações de uma nova geração por mudanças. Nos dois casos, “assistimos a uma verdadeira mudança de era,” acredita Libération.

Acordo nuclear

Esse é um” protesto mortal contra o regime iraniano”, resume Le Figaro. O jornal conservador informa que além dos mortos, mais de 400 pessoas foram detidas em todo o país pela polícia iraniana que está mobilizada nas grandes cidades para dispersar as manifestações.

A situação econômica do país também é fruto da demora dos resultados do acordo nuclear, assinado em 2015 entre Teerã e as potências ocidentais, que obteve a suspensão das sanções contra o Irã. Acuado, o presidente Rohani teve que subir o tom na segunda-feira à noite contra os “baderneiros e fora-da-lei”. Na avaliação de um especialista ouvido por Le Figaro, “o poder iraniano não está unido diante dessa onda de protestos e a repressão deve aumentar se as manifestações continuarem”.

Les Echos também diz que “grandes manifestações sacodem o Irã e que o movimento se expande”. Todos os jornais ressaltam a reação do presidente dos Estados Unidos. Donald Trump afirmou no Twitter que "a hora da mudança" chegou no Irã. “O grande povo iraniano é reprimido há anos. Ele tem fome de comida e de liberdade”, escreveu o presidente americano.

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