Míssil da Coreia do Norte que não alcança o Brasil intriga especialistas
O míssil balístico intercontinental (ICBM) lançado pela Coreia do Norte na madrugada de quarta-feira (29), o Hwasong-15, é equipado de novos reatores e seu tamanho é bem superior ao de modelos testados anteriormente, como o Hwasong-14, por exemplo. Especialistas notam diferenças no aspecto da ogiva e na conexão entre o primeiro e o segundo andar do míssil.
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Apesar de Pyongyang ter declarado que se tornou uma potência nuclear capaz de atacar qualquer lugar dos Estados Unidos, especialistas estimam que ainda falta ao regime norte-coreano demonstrar que domina a tecnologia de retorno controlado das ogivas do espaço para a atmosfera.
As imagens do míssil publicadas nesta quinta-feira (30) mostram que o projétil alcançou uma altura de 4.475 km antes de cair a 950 km do local de lançamento. Sua trajetória sugere que o Hwasong-15 pode percorrer 13.000 km, o que coloca todas as cidades americanas e boa parte do mundo a seu alcance.
Mapas com as regiões do mundo ameaçadas pela poderosa arma norte-coreana mostram que o Brasil e territórios vizinhos na América do Sul estão fora do alcance do míssil. A constatação gerou comentários e memes nas redes sociais.
Dobro de combustível
Segundo Michael Duitsman, pesquisador do Centro de Estudos para a Não-Proliferação, poucos países no mundo podem construir um míssil de tamanho semelhante. Um membro do serviço de inteligência americano confirmou que o armamento possui dois grandes motores que utilizam propulsor (combustível) sólido. Tudo indica que ele pode transportar o dobro de combustível, observa David Wright, da Union of Concerned Scientists.
O aspecto mais afilado da parte superior sugere que os engenheiros norte-coreanos podem ter conseguido melhorar a capacidade de resistência do projétil em seu retorno à atmosfera, explica Joseph Bermudez.
As imagens publicadas hoje pelo regime norte-coreano também sugerem que o Hwasong-15 poderia ser lançado de locais diferentes. De acordo com Scott Lafoy, da NKNews, o novo veículo de lançamento fabricado sob medida para o novo modelo se assemelha a um trator capaz de colocar o engenho em posição de tiro.
O Hwasong-15 pode levar uma "ogiva extra-pesada" ao seu alvo, afirma o comunicado de Pyongyang. "Depois de um voo de 53 minutos em sua órbita predeterminada, o míssil caiu com precisão no alvo selecionado no mar. A capacidade de atingir alvos precisos controlando a posição e corrigindo a velocidade no meio do trajeto, assim como a precisão no funcionamento do motor de alta pressão (...) foram confirmados", diz o texto.
EUA ameaçam 'destruir regime norte-coreano' em caso de guerra
Em reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU, a embaixadora americana Nikki Haley convocou ontem todos os países a cortarem os laços diplomáticos e comerciais com a Coreia do Norte, além de ameaçar "destruir completamente" o regime norte-coreano "em caso de guerra".
A diplomata também exigiu que a China, principal aliada de Pyongyang, corte todo o fornecimento de petróleo ao regime norte-coreano. Mas o governo chinês defendeu o que achama de uma "dupla moratória": o fim do programa nuclear e balístico norte-coreano e o fim dos exercícios militares conjuntos entre Washington e Seul – algo que os Estados Unidos e seus aliados rejeitam.
A Rússia também descartou ontem à noite qualquer opção militar e, nesta manhã, se recusou a aceitar a proposta de cortar os laços diplomáticos com a Coreia do Norte. China e Rússia têm direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, que já aplicou, sem sucesso, oito pacotes de sanções contra Pyongyang.
Segundo o o presidente em exercício do Conselho, o embaixador italiano Sebastiano Cardi, "as sanções funcionam, mas é possível fazer mais", sem dar destalhes. Já o governo americano prometeu anunciar novas retaliações contra o regime norte-coreano a partir da próxima quarta-feira.
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