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Apenas demissão de ministro põe fim à crise religiosa no Paquistão

Sete mortos e mais de 200 feridos em três semanas: este é o resultado da onda de protestos que tomou as ruas do Paquistão. Na origem das manifestações, uma emenda constitucional que modificava o juramento de candidatos às eleições.

Ministro da Justiça do Paquistão renuncia após protestos, em 27 de novembro de 2017.
Ministro da Justiça do Paquistão renuncia após protestos, em 27 de novembro de 2017. REUTERS/Caren Firouz
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Os manifestantes islâmicos, que ocupam há três semanas o principal acesso à capital do Paquistão, Islamabad, começam a se dispersar nesta segunda-feira (27) após terem obtido êxito em sua principal exigência: a demissão do ministro da Justiça paquistanês.

A demissão é resultado de um acordo negociado durante a noite com a ajuda do poderoso exército paquistanês, e, na opinião dos analistas internacionais, representa uma verdadeira capitulação para o governo do Paquistão. Visivelmente envergonhado, o Estado paquistanês ainda não havia reagido oficialmente nesta segunda-feira.

O fim da manifestação, anunciada nesta manhã pelo líder do movimento islâmico, Khadim Hussain Rizvi, começou no período da tarde de segunda-feira, permitindo que a vida retomasse lentamente seu curso na periferia de Islamabad, ocupada durante três semanas por cerca de 2.000 manifestantes.

Os primeiros grupos de manifestantes começaram a se dirigir às estações de ônibus. As lojas próximas reabriam gradualmente e motocicletas ziguezagueavam na multidão.

Paz com garantias do Exército do Paquistão

"Todas as nossas reivindicações serão honradas", proclamou o mulá [líder religioso paquistanês] com a longa barba cinza, assegurando que obteve "garantias" do exército paquistanês.

A demissão do ministro Zahid Hamid era o principal requisito dos manifestantes, membros de um grupo religioso pouco conhecido, o Tehreek-i-Labaik Yah Rasool Allah Pakistan (TLYRAP).

Hamid apresentou sua demissão ao primeiro-ministro Shahid Khaqan Abbasi para tirar o país da crise, segundo informou a agência de notícias APP, citando fontes oficiais.

Causa do conflito

Na origem das manifestações que causaram sete mortos e mais de 200 feridos, uma emenda constitucional que modificava o juramento dos candidatos paquistaneses às eleições, que sempre reconheceram que Maomé é o “último profeta”.

Os fundamentalistas denunciavam uma manobra para modificar a polêmica lei sobre a blasfêmia, permitindo que os Ahmadis, membros de uma seita muçulmana não reconhecida oficialmente, também prestassem juramento.

Perseguidos durante muito tempo, os Ahmadis acreditam que Maomé não seria, como diz a lei islâmica, o “último dos profetas”.

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