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Putin

Putin elogia êxito militar de Assad antes da cúpula sobre a Síria

O presidente russo, Vladimir Putin, elogiou nesta terça-feira (21) os êxitos militares do presidente sírio, Bashar al-Assad, a quem recebeu dois dias antes de uma cúpula com Irã e Turquia sobre o conflito na Síria.

Putin recebe o presidente sírio Bashar al-Assad em Sochi, na Rússia, em 20 de novembro de 2017.
Putin recebe o presidente sírio Bashar al-Assad em Sochi, na Rússia, em 20 de novembro de 2017. Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin via REUTERS
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"Mais de 98% do território sírio estão sob o controle das forças do governo sírio. Os terroristas ainda têm focos de resistência, mas se apagam rapidamente", insistiu o presidente russo ao receber seu contraparte checo, Milos Zeman.

Após ajudar Assad a ganhar terreno contra os rebeldes e extremistas, o chefe do Kremlin, principal apoio do governo sírio, quer relançar o processo de solução política para a guerra na Síria, que deixou mais de 330.000 mortos e milhões de deslocados desde 2011.

Putin informou ao seu contraparte americano, Donald Trump, do conteúdo da conversa que teve com o presidente sírio, informando-o, principalmente, que Damasco é favorável à celebração de eleições legislativas e presidenciais, anunciou o Kremlin.

"Vladimir Putin informou Donald Trump dos principais resultados de um encontro com Bashar al-Assad, realizado em 20 de novembro, e ao curso do qual o dirigente sírio confirmou seu compromisso com o processo político, a reforma constitucional e as eleições legislativas e presidenciais", informou o Executivo russo.

Apesar da complicada relação entre Moscou e Washington, e das críticas recíprocas por essa questão, os dois chefes de Estado publicaram em 11 de novembro um comunicado conjunto excluindo qualquer "solução militar" para o conflito na Síria.

Na quarta-feira (22), Putin se reunirá em uma cúpula com seus homólogos turco, Recep Tayyip Erdogan, e iraniano, Hassan Rohani, em Sochi (sudoeste da Rússia), para onde Assad viajou na segunda-feira em sua primeira visita ao exterior desde outubro de 2015, logo depois do lançamento da intervenção russa no conflito sírio, que marcou um ponto de inflexão.

Sua reunião surpresa com Putin, que ocorreu na segunda-feira mas não se tornou pública até esta terça, voltou a colocá-lo no tabuleiro diplomático, em um momento de intensificação dos contatos visando as negociações sob o patrocínio da ONU em Genebra, em 28 de novembro.

Derrota definitiva

Segundo imagens retransmitidas pela televisão, Putin "parabenizou" o presidente sírio por seus resultados na luta contra o terrorismo, que se aproxima de uma derrota "inevitável e definitiva".

"No que diz respeito ao nosso trabalho comum na luta contra o terrorismo na Síria, esta operação chega ao seu fim", afirmou. "Acredito que tenha chegado a hora de passar ao processo político".

"Não queremos olhar para trás. Damos as boas-vindas a todo aquele que estiver realmente interessado em um acordo político", acrescentou o presidente sírio, segundo declarações traduzidas para o russo.

Além disso, Assad expressou a Putin "o reconhecimento do povo sírio" à ajuda dada pela Rússia na defesa da "integridade territorial e da independência da Síria".

Lançada em novembro de 2015, a intervenção militar russa na Síria permitiu às Forças Armadas sírias reverter a situação militar, retomando das mãos dos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) a cidade antiga de Palmira, expulsar os rebeldes de Aleppo (norte) e recuperar o controle dos territórios do sul e do leste do país.

No domingo passado, as forças do governo expulsaram os extremistas de Bukamal, o último reduto urbano importante na Síria do grupo Estado Islâmico, que perdeu quase todo o território que havia conquistado desde 2014.

"A fase ativa da operação militar na Síria está terminando", considerou o chefe do Estado-Maior do Exército russo, Valeri Guerasimov.

Crise humanitária

Em um discurso retransmitido hoje pela televisão, Hassan Rohani declarou nesta terça a "vitória" sobre o EI.

A Rússia promove com o Irã, aliado de Assad, e a Turquia, que apoia os rebeldes, as negociações de Astana, capital de Cazaquistão, onde o governo e a oposição sírios celebraram sete reuniões em 2017.

As negociações de Astana permitiram criar "zonas de distensão" nas regiões de Idlib (noroeste), Homs (centro), Guta Oriental (perto de Damasco) e no sul.

Essas medidas permitiram diminuir a tensão e agora a Rússia quer que as negociações de Astana, concentradas até então nos aspectos militares, desemboquem em uma solução política.

Apesar da diminuição da violência, mais de 13 milhões de pessoas, quase a metade delas crianças, precisam de ajuda humanitária na Síria, advertiu nesta terça-feira em um relatório o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).

Até agora todas as tentativas de acabar com a guerra pararam no obstáculo do destino de Bashar al-Assad.

A última iniciativa russa de tentar reunir o governo e a oposição na Rússia foi recebida com frieza pelos rebeldes.

Por enquanto não foi fixada nenhuma data para essa reunião, que pode acontecer no começo de dezembro.

Ao contrário, as diferentes facções da oposição síria se encontrarão a partir de quarta-feira (22) em Riad, capital da Arábia Saudita, país que patrocina o Alto Comitê de Negociações (HCN), que reúne os grupos rebeldes opostos a Assad.

(Com informações da AFP)

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