Café brasileiro aberto em Tel Aviv conquista israelenses pela qualidade
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Um recém-criado café em Tel Aviv, de propriedade de um casal de baianos, já se tornou um dos coffee shops das mais bem cotados de Israel. O Origem Fresh Coffee foi aberto em maio deste ano por Marcelo e Georgia Szporer, nascidos em Salvador.
Daniela Kresch, correspondente da RFI Brasil em Israel
Instalado na rua Diezengoff, uma das principais da cidade, o Origem, como é chamado na forma abreviada, serve café de diversas partes do mundo para um público interessado em novidades. O cardápio inclui outras especialidades brasileiras, como pão de queijo e brigadeiro, ainda pouco conhecidas do paladar israelense. As músicas tocadas no café também são sempre brasileiras, mas a clientela é mais do que variada.
“Nós temos gente aqui de todos os lugares do mundo. Eu diria que metade do público é israelense e aproximadamente metade é estrangeiro. É gente que mora em Israel ou que está em turismo, estudando, trabalhando. Pelo menos dois ou três brasileiros vêm aqui todos os dias”, conta o proprietário.
Mesmo com tão pouco tempo de mercado, o Origem já tem fãs entre os críticos culinários locais. Um dos motivos é o fato de que, em Israel, é possível importar grãos de várias partes do mundo, o que não acontecia no Brasil.
A diversidade também é refletida no cardápio, que oferece diferentes formas de preparar o café: Cold Brew, French Press, Aeropress, Chemex ou com o conhecido coador brasileiro.
Segundo Marcelo Szporer, que fez cursos de barista e de torrefação de café, a escolha da matéria-prima é fundamental.
“Nós compramos os nossos cafés verdes, ou seja, crus, e torramos todos na loja. Assim, a gente tem o café sempre fresco e de várias origens, porque nós compramos cafés obviamente do Brasil, mas também de lugares que têm cafés excelentes como Etiópia, Quênia, Colômbia, Costa Rica. Servimos individualmente e também nos blends que nós fazemos na própria loja. Assim a gente garante café sempre fresco e sempre recém-torrado”, explica Marcelo.
Israelenses consomem café quente e gelado
O casal baiano se mudou para Israel há um ano juntamente com a filha Amanda, de 22 anos. Outra filha, Giovanna, de 21 anos, mora em Amsterdã. Durante dez anos, eles foram proprietários da rede de cafés “Feito a Grão”, com lojas em Salvador, Recife e Aracaju. Chegaram a ter 300 funcionários. Mas venderam todas as lojas quando decidiram morar em Israel.
Hoje, contam com apenas dois empregados e o desafio de lidar com um público com preferências totalmente diferentes das do Nordeste brasileiro.
“Apesar dos dez anos de experiência, trabalhando com cafeterias no Brasil, percebemos algumas diferenças com o público israelense”, diz Georgia Szporer. Uma delas é o café para viagem. "O brasileiro não tem o costume de sair andando com o café na mão, na rua, tomar um ônibus. E aqui existe muito essa venda do tipo 'take away'. Outra coisa são os cafés frios e gelados. No Brasil, apesar de ser um país tropical, o brasileiro não gosta de café gelado, não toma café gelado. E o israelense toma muito, principalmente no verão”, explica Georgia.
Ela diz que o casal não demorou muito tempo para decidir que Tel Aviv seria o melhor lugar para abrir o novo café. Segundo Georgia, a cidade mais cosmopolita de Israel tem o público ideal para o conceito do Origem Fresh Coffee, que segue a tendência mundial de encarar o líquido escuro como uma bebida nobre, exclusiva, que pode ser servida de inúmeras formas: com mais ou menos espuma, com leite de amêndoas, de soja, integral, com 1% de gordura ou mais.
“O israelense adora café, toma café, ama café. Mas o conceito de cafés especiais ainda é novo em Israel. Tem uns quatro anos, talvez. Então, ainda existe uma curiosidade de certas pessoas em conhecer e aprender. Mas só o fato dele amar café e tomar café, já é um grande passo para o nosso trabalho dar bons frutos aqui”, diz Georgia.
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