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Linha Direta

Em Pequim, Trump reafirma parceria dos EUA com China

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O presidente americano Donald Trump desembarcou em Pequim para uma visita de Estado “Plus”, como está chamando a China, para deixar claro aos Estados Unidos a importância deste encontro de três dias para o país. Em declaração à imprensa, Trump e Xi Jinping reconheceram as diferenças entre as duas nações, mas afirmaram que estão dispostos a trabalhar para melhorar a relação, depois da assinatura de acordos comerciais que chegam a US$ 253 bilhões.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta quinta-feira estar convencido de que existe uma solução para a crise com a Coreia do Norte, durante uma reunião com seu homólogo chinês, Xi Jinping.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta quinta-feira estar convencido de que existe uma solução para a crise com a Coreia do Norte, durante uma reunião com seu homólogo chinês, Xi Jinping. REUTERS/Jonathan Ernst
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Pequim

O encontro entre Trump e Xi Jinping foi cercado de expectativa e não é para menos: trata-se de uma série de reuniões entre as duas maiores economias do mundo, que, juntas, representam quase 40% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, ou seja todas as riquezas produzidas no Planeta.

A agenda entre os dois países é enorme e há muitas diferenças sobre temas globais, mas a ideia é tentar acertar os ponteiros. China e EUA anunciaram e assinaram acordos e convênio que somados podem representar US$ 253 bilhões  se concluídos como previsto. 

Para se ter uma ideia, durante a visita de Estado do presidente Michel Temer a Pequim há dois meses, o Brasil e a China assinaram acordos que, concluídos ao longo do tempo, somam US$ 10 bilhões. O comércio entre Brasil e China é outra história. O Brasil é o único país do mundo que tem um superávit com a China, ou seja, exporta mais do que importa. Em 2016, a vantagem brasileira bateu novo recorde e chegou a quase US$ 48 bilhões.

Déficit comercial

Grandes empresas americanas e chinesas assinaram documentos diante dos dois presidentes. Durante sua declaração final à imprensa, Trump disse que esse era um bom começo para a melhorar as distorções comerciais entre os dois países. Os Estados Unidos têm um enorme déficit comercial com a China. Ou seja, importam muito mais produtos do país do que vendem para os chineses.

Nos primeiros nove meses deste ano, essa diferença chegou a US$ 405,2 bilhões. Isso representa o que a China vendeu a mais do que comprou dos Estados Unidos nesse período. No ano passado inteiro, a diferença foi de US$ 370,7 bilhões.

Os chineses reconhecem a diferença e se dizem prontos para reduzi-la, mas querem duas coisas: a primeira é que os Estados Unidos abram a sua economia para a China em outros setores além de produtos e querem troca de tecnologias para desenvolver a inovação.

A segunda é que os chineses não concordam com a maneira que os americanos contabilizam o déficit. Eles defendem que boa parte dos produtos que os Estados Unidos importam da China não têm apenas componentes chineses, porque podem ser apenas montados no país, e que a China tem um déficit de US$ 37 bilhões com os Estados Unidos no setor de serviços que não é contabilizado pelos americanos.

Mas tanto Trump quanto Xi Jinping reconheceram que a diferença existe e que precisam trabalhar para reduzi-la. Essa é uma tecla em que Trump vem batendo desde a sua campanha presidencial. Ele várias vezes acusou os chineses pelo que chamou de "comércio desleal", que, segundo Trump, tira empregos nos Estados Unidos

EUA pede mais pressão sobre a Coreia do Norte

A Coreia do Norte foi um tema-chave do encontro. Xi voltou a defender uma saída pacífica e insiste na desnuclearização da Coreia do Norte, além de sua desmilitarização. Ele quer uma saída pacífica.

Trump, que costuma usar palavras mais agressivas, disse que o mundo civilizado precisa trabalhar junto contra a ameaça da Coreia do Norte e que não se pode replicar as soluções fracassadas do passado para isso.

O presidente americano defendeu mais pressão sobre o regime de Kim Jong-Un, com sanções, referindo-se a assassinos do regime da Coreia do Norte. Este é um assunto que os analistas acompanham de perto.

Durante a sua viagem à Ásia, Trump chegou a admitir querer discutir com a Coreia do Norte, mas também falou que revidaria na mesma moeda, usando seu poderio militar, se necessário, diante das ameaças de Pyongyang.

Conferência sobre o clima nem foi citada

A questão climática, que está sendo discutida em Bonn, na Alemanha, nesta semana, não foi um tema da visita. Talvez tenha sido uma opção deliberada do presidente Xi Jinping, depois da primeira rodada de encontros com Trump na manhã desta quinta-feira.

Aliás, talvez para evitar esse e outros temas delicados da pauta, os dois presidentes tenham optado por não responder a perguntas dos jornalistas. Limitaram-se apenas a fazer declarações individuais.

Trump é paparicado

Trump está sendo paparicado de todos os lados. Ele e sua mulher, Melania Trump, foram levados por Xi Jinping e sua mulher pessoalmente para uma visita à Cidade Proibida. As visitas acontecem sempre, mas não tendo Xi como guia. Depois assistiram à ópera chinesa juntos.

Trump também repetiu muitas vezes a importância da relação com a China para os Estados Unidos, e destacou ao presidente Xi que os chineses estão muito orgulhosos dele.

O presidente americano ainda aproveitou para parabenizá-lo pessoalmente, e em público, depois de tê-lo feito por carta, pela confirmação no posto máximo da China durante o 19° Congresso do Partido Comunista no mês passado, quando Xi recebeu mais um mandato de cinco anos e foi confirmado o homem mais poderoso do país desde Mao-Tsé-tung.

Nesta sexta-feira, Trump segue para Vietnã e Filipinas. Aliás, com isso deve melhorar o trânsito em Pequim. Muitas avenidas e ruas têm sido fechadas para a visita do presidente americano por razão de segurança.

A Cidade Proibida, que é patrimônio Histórico Mundial da Unesco, e recebe 82 mil visitantes por dia, foi fechada nesta quarta-feira para receber Trump. A comitiva do presidente americano e os batedores somaram cerca de 100 carros por sua passagem nos arredores da Praça da Paz Celestial.

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