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Campanha antinuclear ICAN vence o Prêmio Nobel da Paz

A coalizão internacional de Ongs ICAN – Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares – venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2017 por seu trabalho para estimular a proibição das armas atômicas.

Beatrice Fihn, diretora executiva da Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (ICAN), e Daniel Hogsta, coordenador, comemoram o Prêmio Nobel da Paz 2017, em Genebra, Suíça, em 6 de outubro de 2017.
Beatrice Fihn, diretora executiva da Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (ICAN), e Daniel Hogsta, coordenador, comemoram o Prêmio Nobel da Paz 2017, em Genebra, Suíça, em 6 de outubro de 2017. REUTERS/Denis Balibouse
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"A organização recebe o prêmio por seu trabalho para chamar a atenção sobre as consequências humanitárias catastróficas do uso de armas nucleares e por seus esforços pioneiros para obter um tratado de proibição destas armas", afirmou a presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen.

O comitê destacou que as potências nucleares devem iniciar "negociações sérias" de desarmamento. "O Prêmio da Paz deste ano é também um apelo para que estes Estados iniciem negociações sérias destinadas à eliminação gradual, equilibrada e cuidadosamente supervisionada das quase 15.000 armas nucleares que existem no mundo", disse Berit Reiss-Andersen.

Poucos minutos após o anúncio, a ICAN lançou um apelo à comunidade internacional para que se proíba "agora" este armamento. "É um momento de grande tensão global, no qual as declarações exaltadas podem levar todos nós, muito facilmente, inexoravelmente, a um horror inenarrável. O espectro de um conflito nuclear volta a nos cercar. Se há um momento para que as nações declarem sua firme oposição às armas nucleares, esse momento é agora", declarou sua diretora, Beatrice Fihn, em comunicado.

Tensão nuclear na península coreana

Mais de 70 anos depois das bombas atômicas americanas lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, e em um momento de grande tensão a respeito da crise norte-coreana, o comitê do Nobel deseja ressaltar os incansáveis esforços da ICAN para livrar o mundo das armas nucleares.

Fundada em 2007 em Viena, durante uma conferência internacional sobre o tratado de não proliferação nuclear, a ICAN tem sede em Genebra, nos prédios do Conselho Ecumênico das Igrejas, outra organização internacional. Esta coalizão de mais de 300 ONGs conseguiu mobilizar desde então ativistas e personalidades para defender sua causa.

ICAN apoiou iniciativa diplomática brasileira na ONU

A ICAN estimulou a iniciativa que resultou na assinatura de um tratado histórico de proibição das armas nucleares em setembro, à margem da Assembleia Geral da ONU. O presidente Michel Temer foi o primeiro dirigente a assinar o documento, elaborado a partir de um intenso esforço diplomático de Brasil, México, África do Sul, Áustria, Irlanda e Nigéria.

Em julho, o tratado, que demorou mais de um ano para ser negociado, recebeu o apoio de 122 países das Nações Unidas. Seu alcance é sobretudo simbólico pela ausência das nove potências nucleares entre os signatários – Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte –, mas vai na direção de outras iniciativas pacifistas.

A organização, que tem um orçamento anual de US$ 1,2 milhão, funciona graças às ajudas financeiras de vários governos, como Noruega, Suíça, Holanda, Alemanha ou a Santa Sé, assim como de doadores privados, da União Europeia e várias fundações.

Militantes do grupo ICAN, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, participam de uma ação no dia 13 de setembro de 2017, em Berlim, para abolir as armas nucleares.
Militantes do grupo ICAN, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, participam de uma ação no dia 13 de setembro de 2017, em Berlim, para abolir as armas nucleares. Britta Pedersen / dpa / AFP

Reações

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, elogiou a homenagem. "É bom ver o Prêmio Nobel da Paz 2017 (concedido) à ICAN. Compartilhamos um forte compromisso para conseguir o objetivo de um mundo livre de armas nucleares", tuitou a Alta Representante, depois do anúncio do Comitê Norueguês do Nobel.

A ONU também aprovou a escolha. "Acho que é um bom sinal (...) para que o tratado seja assinado e, sobretudo, se ratifique", declarou a porta-voz da ONU em Genebra, Alessandra Vellucci.

A coalizão receberá o prêmio, que consiste em uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de 9 milhões de coroas suecas (US$ 1,1 milhão) durante uma cerimônia em Oslo no dia 10 de dezembro, a data do aniversário da morte em 1896 do criador do prêmio, o filantropo sueco e inventor da dinamite, Alfred Nobel.

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