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Birmânia/rohingyas

San Suu Kyi se defende de “limpeza étnica” e promete retorno dos rohingyas

A líder birmanesa Aung San Suu Kyi afirmou nesta terça-feira (19) que Mianmar está preparada para organizar o retorno dos 410 mil rohingyas se refugiaram em Bangladesh, mas sem anunciar medidas contra o que a ONU chama de "limpeza étnica".

A líder birmanesa Aung San Suu Kyi fez um discurso a favor do retorno dos rohingyas
A líder birmanesa Aung San Suu Kyi fez um discurso a favor do retorno dos rohingyas REUTERS/Soe Zeya
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Aung Suu Kyi decidiu romper o silêncio em Naypidaw, a capital administrativa de Mianmar. "Estamos preparados para iniciar o processo a qualquer momento", afirmou, em referência à minoria muçulmana que fugiu para Bangladesh em um êxodo sem precedentes. A líder birmanesa decidiu não participar da Assembleia Geral da ONU neste ano, onde seria provavelmente questionada sobre assunto.

"Estamos preocupados com o volume de muçulmanos que fugiram para Bangladesh", disse Suu Kyi, em um discurso em rede nacional de TV, no qual "condenou as violações dos direitos humanos e a violência ilegal", que podem ter exacerbado a crise.

"Lamentamos profundamente o sofrimento de todas as pessoas envolvidas neste conflito e não desejamos que Mianmar se divida entre crenças religiosas", afirmou. "Condenamos todas as violações dos direitos humanos", destacou Aung San Suu Ky em seu discurso desta terça-feira, sem condenar, entretanto, a ação violenta do exército.

A situação dos refugiados rohingyas, que foram para Bangladesh depois de abandonar o estado de Rakhine, é alvo de inúmeras críticas internacionais. O exército birmanês é acusado de incendiar vilas e atirar contra civis, após vários ataques de um grupo rebelde desta comunidade, no fim de agosto. "As forças de segurança receberam instruções para adotar todas as medidas visando evitar danos colaterais e que civis sejam atingidos" durante as operações antiterroristas, declarou Suu Kyi.

Anistia condena ações do exército birmanês

A Anistia Internacional lamentou, no entanto, que Aung San Suu Kyi não tenha condenado explicitamente o papel do exército. "Existem provas esmagadoras de que as forças de segurança realizam uma campanha de limpeza étnica" contra os rohingyas, afirmou a organização. A ONG voltou a pedir que a ONU adote sanções a Mianmar.

Os investigadores da ONU sobre a situação dos direitos humanos em Mianmar reiteraram, nesta terça-feira, a demanda de "acesso completo e sem obstáculos" ao país, onde, afirmaram, acontece uma grave crise humanitária. "É importante que possamos ver com nossos próprios olhos os lugares onde aconteceram as supostas violações e conversar com as pessoas afetadas e as autoridades", declarou o presidente da missão, Marzuki Darusman, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

Rejeição aos rohingyas

A rejeição aos rohingyas, considerados estrangeiros em situação ilegal neste país com mais de 90% de população budista, é muito comum entre os birmaneses. Desde que a nacionalidade birmanesa foi retirada do grupo em 1982, os rohingyas passaram a sofrer muitas limitações: não podem viajar nem casar sem autorização, não têm acesso ao mercado de trabalho nem aos serviços públicos, como escolas ou hospitais.

No ano passado, na Assembleia Geral da ONU, Aung San Suu Kyi havia prometido defender os direitos desta minoria e opor-se aos "preconceitos e à intolerância". Mas longe do discurso destinado especialmente à comunidade internacional, os birmaneses consideram que os rohingyas não são parte da nação birmanesa.

Aung San Suu Kyi sugeriu o contrário nesta terça-feira ao afirmar que segue a posição de seu pai, Aung San, líder da independência birmanesa: a Constituição de 1947 permitiu a uma grande parte dos rohingyas obter um estatuto legal e o direito a voto. Mas a ditadura militar instaurada em 1962 utilizou o ódio contra os muçulmanos e a lei birmanesa sobre a nacionalidade de 1982 deixou os rohingyas apátridas.

(Com informações da AFP)

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