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ONU/Rohingya

Líder birmanesa anula presença na ONU e marca pronunciamento sobre rohingyas

A dirigente de fato de Mianmar, Aung San Suu Kyi, vai sair do silêncio na próxima semana sobre a questão dos rohingya no oeste do país, anunciou o governo nesta quarta-feira (14). Duramente criticada pela comunidade internacional por seu silêncio sobre o drama dessa minoria muçulmana, ela também cancelou presença na Assembleia Geral da ONU, no final do mês, em Nova York.

Aung San Suu Kyi na Assembleia Geral da ONU, no ano passado.
Aung San Suu Kyi na Assembleia Geral da ONU, no ano passado. REUTERS/Carlo Allegri
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A prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi "falará de reconciliação nacional e de paz", em um discurso televisionado no dia 19 de setembro, declarou seu porta-voz Zaw Htay. Ele acrescentou que ela talvez tenha assuntos mais urgentes para tratar, falando sobre a desistência de ir à Assembleia Geral da ONU, afirmando que ela “não teme enfrentar críticas ou problemas”.

Para a ONU, a nova crise é "um exemplo de limpeza étnica", com "execuções, tiros contra civis em fugas e incêndios de vilarejos", afirmou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein.

Governo dividido com militares

Para a etnóloga Bénédicte Brac de la Perrière, entrevistada pela RFI, "esse posicionamento se deve à estrutura do poder atual. Aung San Suu Kyi é conselheira de Estado em um regime onde o governo é dividido com os militares. A constituição atual reserva 25% dos assentos aos militares e três postos ministeriais-chave: Interior, Defesa e Fronteiras”.

A especialista sobre a Birmânia e pesquisadora no Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS), da França, acrescenta que “as Forças Armadas dispõem de um veto a todas as modificações constitucionais, a estabilidade atual do governo depende efetivamente das relações do poder civil com os militares”.

O Conselho de Segurança da ONU se reúne hoje para discutir a portas fechadas a questão birmanesa. Apesar das acusações contra o governo de Mianmar, o encontro se anuncia dividido: a China, principal investidor estrangeiro em Mianmar, reiterou na terça-feira o "apoio" ao governo birmanês e elogiou "seus esforços para preservar a estabilidade de seu desenvolvimento nacional".

Desamparo e massacre

Os refugiados rohingya fogem do estado de Rakhine e chegam a Bangladesh esgotados, desamparados, após dias de caminhada sob a chuva. As autoridades locais e as organizações internacionais não conseguem administrar o grande fluxo. No rio Naf, fronteira natural entre os dois países, as autoridades de Bangladesh encontraram sete corpos nesta quarta-feira, incluindo de crianças. Algumas vítimas tinham marcas de tiros.  

No ano passado, Suu Kyi prometeu, na tribuna da ONU, respaldar os direitos da minoria muçulmana e afirmou que era "contrária com firmeza aos preconceitos e à intolerância", promovendo os direitos humanos. Pediu à "comunidade internacional que se mostrasse compreensiva e construtiva" na questão.

"Suu Kyi nos prometeu a paz, mas nunca teremos paz. Somos perseguidos e continuaremos sendo, sem parar", lamentou um refugiado rohingya que vive há 25 anos em Bangladesh.

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