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Brasil-Mundo

Imigração brasileira bate recordes históricos em Israel

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Há cada vez mais brasileiros escolhendo morar em Israel, impulsionados, em geral, pelas crises financeira e política e pelo aumento da criminalidade das grandes cidades do Brasil.

Claudia e Fábio Ajbeszyc, com os filhos Rafael e Juliana, em Israel.
Claudia e Fábio Ajbeszyc, com os filhos Rafael e Juliana, em Israel. Reprodução arquivo pessoal
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Israel

Apenas de janeiro a abril deste ano, cerca de 300 imigrantes brasileiros foram registrados em Israel, um aumento de 40% em relação ao mesmo período de 2016. A estimativa é de que, até dezembro, cheguem de mudança à nação do Oriente Médio algo em torno de 1.000 brasileiros – o maior número desde a criação de Israel, em 1948.

Os imigrantes buscam qualidade de vida, melhor educação e um sistema saúde mais avançado para suas famílias. É o caso de Claudia Ajbeszyc, de 45 anos, que decidiu se mudar há três meses de São Paulo para Raanana (cidade ao Norte de Tel Aviv). Ela veio com o marido, Fábio, de 48 anos, e com os dois filhos gêmeos de 15, Rafael e Juliana.

“A gente veio pra cá procurando mais qualidade de vida e mais liberdade. A gente não queria criar nossos filhos numa redoma. E aqui eles podem... tem liberdade de andar, podem ir e vir a qualquer hora do dia e isso é muito bom", diz Claudia.

A média anual de chegada de brasileiros em Israel era de cerca de 150, até sete anos atrás. O ritmo começou a aumentar em 2014, com 308 casos, e em 2015, com 497. Em 2016, o número cresceu ainda mais, com 760 imigrantes registrados.

Brasileiros em Israel

O Brasil ficou em quinto lugar entre 85 países em número de imigrantes para Israel. Perdeu apenas para nações com grandes populações judaicas ou em guerra, como Rússia (com 7 mil imigrantes), Ucrânia (6 mil), França (4.700) e Estados Unidos (3 mil).

A brasileira Gladis Berezowsky, consultora de imigração e absorção e há 40 anos vivendo em Israel, explica que o perfil dos imigrantes também mudou de jovens solteiros para famílias inteiras. A educação de alto nível e gratuita seria um dos principais atrativos.

“São famílias com crianças pequenas e que decidiram ir para Israel porque o país hoje em dia oferece futuro. É uma potência em tecnologia, uma potência em educação, educação universitária. A Universidade de Jerusalém saiu entre as 50 melhores universidades do mundo”, explica Gládis.

Este ano, a expectativa é a de que cerca de 27 mil pessoas cheguem a Israel para tentar a sorte – a grande maioria judeus, que têm a opção de receber imediatamente cidadania israelense segundo a chamada “Lei do Retorno”. A ideia é a de que estariam retornando para Israel depois de 2 mil anos de exílio forçado após a expulsão judaica de Jerusalém e arredores pelo Império Romano, no ano 70 D.C.

Imigração judaica e internacional

A imigração judaica se chama “aliá” (“subida”, em hebraico) e os imigrantes, são chamados de “olim” (“os que sobem”). O governo israelense dá apoio temporário aos “olim” através de um pacote de incentivos que inclui ajuda financeira parcial, descontos na compra de carros e imóveis e um tipo de seguro desemprego.

Mas, os “olim” brasileiros, como em qualquer outro país do mundo, enfrentam dificuldades com a língua e na recolocação profissional. Um dos obstáculos é a burocracia para aceitação de diplomas em certas profissões. Muitas vezes, eles precisam começar do zero em trabalhos que não fariam no Brasil.

“As pessoas deixam para trás a questão do protocolo. As pessoas não têm vergonha de fazer trabalhos que no Brasil, elas teriam”, diz a paulista Claudia. “As pessoas vivem mais livres. Não tem problema nenhum você ser uma baby-sitter ou ser uma vendedora de loja. Então as pessoas vão trabalhar, fazem a vida delas e ganham a vida delas com honestidade, sem ficar pensando: ‘ah, isso é melhor, isso é pior’”.

A ligação emocional ou religiosa com Israel também conta, na hora da decisão dos brasileiros. Mas a questão da violência e da insegurança é um dos fatores mais citados. Apesar da fama de Israel como país que enfrenta guerras e terrorismo, a violência urbana é mínima. Assaltos, roubos, sequestros ou casos de bala perdida são raros.

“Meus filhos já andaram mais aqui em Israel em três meses do que eles andaram a vida inteira em São Paulo. Sei lá, aqui a gente se sente muito seguro para eles fazerem isso e isso é muito bom”, afirma Claudia Ajbeszyc.

 

Números da imigração para Israel – janeiro a abril de 2017*

PAÍSNÚMEROCOMPARAÇÃO MESMO PERÍODO DE 2016*
Rússia2.400+ 20%
Ucrânia1.600-   6%
França900-  17%
EUA470-  10%
Brasil300+  40%

 

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