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Israel/Gaza

Israel vai reduzir fornecimento de eletricidade à Faixa de Gaza

Israel decidiu reduzir o fornecimento de energia elétrica para a Faixa de Gaza, provocando preocupação frente ao risco de que isso possa desencadear uma nova onda de violência no território palestino controlado pelo Hamas.

Menina palestina limpa cozinha de sua casa durante corte de luz na Faixa de Gaza.
Menina palestina limpa cozinha de sua casa durante corte de luz na Faixa de Gaza. REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
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O movimento islâmico palestino advertiu contra o risco de uma "explosão" no enclave, onde dois milhões de palestinos vivem reclusos, submetidos a um bloqueio, e já enfrentam uma severa escassez de energia. O Hamas denunciou a responsabilidade da Autoridade Palestina, rival do movimento.

O governo israelense decidiu no domingo (11) à noite reduzir - em três quartos de hora, uma hora, ou 35%, dependendo da fonte - o fornecimento diário atual à Faixa de Gaza, segundo a imprensa israelense. Uma vez a decisão aplicada, os habitantes de Gaza terão apenas duas horas de energia elétrica a cada 24 horas, indicou à AFP um funcionário da companhia de eletricidade de Gaza.

Medida desestabilizadora

Tal medida alarmou a comunidade internacional, preocupada com o potencial desestabilizador em um território que atravessou três guerras com Israel desde 2008 e uma quase guerra civil entre as facções palestinas. Num contexto de crise humanitária e econômica, o abastecimento de eletricidade é uma preocupação primordial no enclave à beira do deserto, e principalmente em pleno Ramadã e com a aproximação do verão.

O ministro israelense da Segurança Interna, Gilad Erdan, explicou a decisão do governo pelas divisões entre os palestinos. Foi a Autoridade Palestina de Mahmud Abbas que decidiu "reduzir significativamente" os pagamentos que faz a Israel para o fornecimento de energia elétrica em Gaza, disse ele, e "seria ilógico fazer Israel pagar parte da conta".

O Hamas expulsou a Autoridade Palestina de Gaza em 2007. A Autoridade, reconhecida pela comunidade internacional, exerce suas prerrogativas apenas na Cisjordânia ocupada, separada da Faixa de Gaza por Israel. Todas as tentativas de reconciliação falharam. Mas a Autoridade continua a pagar a energia fornecida por Israel aos habitantes de Gaza.

Israel e a Autoridade cooperam em vários campos, apesar da persistência do conflito. Em contrapartida, Israel (bem como os Estados Unidos e a União Europeia) considera o Hamas uma organização terrorista e submete Gaza a um bloqueio rigoroso. No entanto, vende aos palestinos grande parte da eletricidade na Faixa de Gaza.

"Culpa do Hamas"

Um responsável da Autoridade deu a entender que esta última, após uma década de conflitos com o Hamas, decidiu aumentar a pressão. Segundo Tareq Rechmaui, todo mês há 10 anos a Autoridade Palestina "paga 45 milhões de shekels (€ 11,3 milhões) para Israel e sete milhões de shekels (€ 1,8 milhão) para o Egito para abastecer Gaza com eletricidade".

O Hamas é responsável pela "deterioração da situação" por sua recusa em reconciliação, afirmou. "Para superar a crise, o Hamas deve responder à proposta de Mahmud Abbas de acabar com a divisão" política, acrescentou.

"Catástrofe"

A redução atual do fornecimento, seguindo "um pedido de Mahmud Abbas", é "uma catástrofe" que irá afetar os habitantes de Gaza, reagiu um porta-voz do Hamas, Abdellatif al-Qanu em um comunicado. Essa decisão "precipita a explosão na Faixa de Gaza", acrescentou, sem especificar se falava de uma explosão social ou novo confronto com Israel.

Questionado sobre esse risco, o ministro israelense da Segurança Interna declarou "não ter certeza que isso provocará um confronto militar". "Pode ser que os palestinos comecem a compreender a catástrofe que o Hamas representa para eles", afirmou.

A Autoridade Palestina também reduziu em abril o salário de seus funcionários no enclave, provocando uma onda de descontentamento e manifestações. Para o Hamas, tais medidas avivam as incertezas criadas recentemente pela crise diplomática envolvendo o Catar, um de seus maiores apoios.
 

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