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G7/clima

Cúpula do G7 termina com racha climático e protesto antiglobalização

Os líderes do G7 reconheceram neste sábado (27) em Taormina, na Sicília, sua divisão quanto à questão climática, depois que os Estados Unidos se negaram a se comprometer com o Acordo de Paris contra o aquecimento global. Mais de dois mil ativistas antiglobalização protestaram no balneário italiano, apesar das rígidas medidas de segurança.

Confronto entre manifestantes e forças de ordem na Sicília.
Confronto entre manifestantes e forças de ordem na Sicília. REUTERS/Alessandro Bianchi
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O presidente americano, Donald Trump, anunciou no Twitter que decidirá na próxima semana sobre a eventual retirada do seu país do acordo de Paris. Apesar da pressão dos europeus (Alemanha, França, Itália, Grã-Bretanha e União Europeia), do Canadá e do Japão, Trump não se rendeu.

A declaração final da cúpula, iniciada na sexta-feira no balneário siciliano, constata, portanto, a falta de entendimento sobre a questão do aquecimento global, pela primeira vez depois de dezenas de comunicados do G7 afirmando a necessidade de reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

Os Estados Unidos estão revisando a sua política sobre as mudanças climáticas, bem como sobre o Acordo de Paris e, portanto, "não foi alcançado um consenso", indica a declaração final. Tomando nota desse processo, os seis outros países do G7 reafirmaram seu compromisso com os acordos de Paris.

Resultando frustrante

A chanceler alemã, Angela Merkel, grande defensora do Acordo de Paris, admitiu aos repórteres neste sábado seu "descontentamento" com o resultado das discussões sobre o clima. "Toda a discussão sobre a questão do clima foi muito difícil, para não dizer insatisfatória", afirmou Merkel.

O presidente francês, Emmanuel Macron, mostrou-se mais otimista em relação aos resultados da cúpula. "Considero que houve progressos e verdadeiras discussões e trocas", declarou à imprensa. "É preciso ter em conta o ponto de partida, quando muitos pensavam há algumas semanas que os Estados Unidos iriam deixar os acordos sobre o clima", explicou. Trump "é um pragmático, tenho esperança que ele confirmará seu compromisso no seu ritmo", acrescentou.

Comércio multilateral

Sobre outro assunto espinhoso na agenda, o comércio internacional, os líderes do G7 conseguiram manter os Estados Unidos de Donald Trump, tentado pelo isolacionismo, num quadro multilateral. Na declaração final, os líderes do G7 decidiram lutar contra o protecionismo, mas também contra todas as "más práticas comerciais".

"Reiteramos nosso compromisso de manter os mercados abertos e lutar contra o protecionismo, mantendo-nos firmes contra todas as más práticas comerciais", aponta o texto do comunicado, divulgado após o final da cúpula.

Os sete países mais ricos do planeta também decidiram enviar uma forte advertência à Rússia e à Coreia do Norte. O grupo afirmou estar preparado para adotar novas sanções contra a Rússia, apontando sua "responsabilidade" no conflito ucraniano, de acordo com a declaração final da cúpula de Taormina.

Advertências

Moscou foi suspenso do G8 após anexar a península ucraniana da Crimeia em 2014 e sanções econômicas foram tomadas pelo envolvimento da Rússia no conflito no leste da Ucrânia, que causou mais de 10.000 mortes em três anos.

Sobre a Coreia do Norte, o G7 advertiu que os recentes testes nucleares e de mísseis representam uma grave ameaça, contra a qual está disposto a tomar medidas adicionais. "A Coreia do Norte, que é uma prioridade máxima na agenda internacional, representa uma ameaça cada vez mais elevada à paz e à estabilidade", afirma o comunicado final.

Na sexta-feira, os líderes do G7 assinaram uma declaração conjunta sobre o terrorismo, na qual aumenta a pressão sobre os grandes grupos da Internet a combater conteúdos radicais, a pedido da Grã-Bretanha. Também foi citada a preocupação com o retorno de combatentes estrangeiros, especialmente após o ataque de Manchester cometido por um britânico de origem líbia que pode ter viajado à Síria depois de uma visita à Líbia.

Marcha contra os donos do mundo

"Estamos contra os donos do mundo que impõem o desemprego, a precariedade e a pobreza", dizia um dos cartazes que abria o protesto. A marcha, que começou na zona de Jardins Naxos, foi autorizada ao fim da cúpula do G7, da qual participaram os chefes de Estado e de governo dos sete países mais industrializados, entre eles o presidente americano, Donald Trump.

"Contra os sete pecados capitais", "Suas guerras, nossos mortos", mostravam outros cartazes.

Os manifestantes, muitos deles sicilianos, protestavam também contra a política dos países industrializados sobre o fenômeno da migração e a ausência de solidariedade diante do drama humanitário.

Os organizadores, que esperavam entre 3.000 e 4.000 pessoas, denunciaram que muitos foram impedidos de chegar, bloqueando as balsas que as levam à península.

 

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