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Turquia

Para imprensa francesa, Erdogan sai do referendo com legitimidade reduzida

A imprensa francesa analisa nesta segunda-feira (17) a vitória apertada do líder turco Recep Tayyip Erdogan no referendo sobre a reforma constitucional que amplia os poderes presidenciais na Turquia e enterra o sistema parlamentarista.

Manifestantes protestam contra a reforma da Constituição que deu plenos poderes a Erdogan.
Manifestantes protestam contra a reforma da Constituição que deu plenos poderes a Erdogan. REUTERS/Kemal Aslan
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O resultado mostra que não houve um plebiscito em favor do líder do partido islâmico AKP. Para o Le Monde, Erdogan venceu legalmente a consulta e poderá colocar em prática a reforma. No entanto, a legitimidade do presidente turco sai diminuída das urnas devido à pequena margem de votos a favor do "sim". A diferença entre os que votaram pelo fortalecimento do regime e os que rejeitaram a mudança foi de apenas 1,5 milhão de votos, assinala o Le Monde.

Na avaliação do vespertino francês, Erdogan caiu numa armadilha. O "não" venceu em grandes cidades, como em Istambul, onde ele foi prefeito, em Izmir, na costa mediterrânea, e na capital do país, Ancara. "É um forte sinal de alerta ao governo", constata o Le Monde, acrescentando que o referendo aprofundou as divisões no país e a polarização cada vez maior entre partidários e adversários do presidente. Em resumo, Erdogan ganhou oficialmente, mas perdeu politicamente a consulta.

O hiperpresidente também enfrenta uma polêmica por supostas irregularidades apontadas pela oposição. Dois partidos de oposição, o Partido Republicano do Povo (CHP), sigla laica, e o Partido Democrático dos Povos (HDP), pró-curdo, anunciaram que pretendem pedir a recontagem da metade dos votos, onde falta o carimbo de autenticação da seção eleitoral.

Suspeita de irregularidades nos boletins de voto

Le Figaro sublinha que a vitória de Erdogan foi mínima e diante da pequena margem favorável ao presidente, a oposição já evoca fraudes. O jornal explica que Erdogan deve sua vitória aos bastiões conservadores da região da Anatólia Central e do Mar Negro, enquanto nos grandes centros urbanos a desconfiança no presidente foi evidenciada. Para o Le Figaro, Erdogan deverá justificar sua decisão de aceitar como válidos um grande número de boletins de voto considerados irregulares pela falta do carimbo oficial.

O jornal Aujourd'hui en France considerou a vitória tímida e destaca que o primeiro anúncio de Erdogan foi a convocação de um novo plebiscito, desta vez para restabelecer a pena de morte no país.

O jornal de esquerda Libération não ficou surpreso com o resultado, uma vez que a profunda divisão dos turcos era visível há várias semanas. Porém, mesmo com a pequena vantagem, Erdogan envia uma mensagem clara a seus partidários, que consiste em dizer que ele irá continuar a promover uma "limpeza" no país contra os "terroristas" e todos aqueles que os apoiam, na expectativa de construir uma Turquia forte.

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