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O Mundo Agora

Conflito militar com Coreia do Norte vai desencadear corrida atômica, diz analista

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Não dá mais para esconder o sol com peneira: os tambores de guerra estão rufando novamente. O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, visitando a Coreia do Sul, deixou bem claro que o “tempo da paciência estratégica (com a Coreia do Norte) acabou”. Uma declaração que vem depois do tuíte de Donald Trump anunciando que se a China não encontrasse uma solução para as provocações atômicas de Pyongyang, os americanos “resolveriam o problema sozinhos”.

Veículos militares carregando mísseis com a inscrição 'Pukkuksong' durante a parada militar em Pyongyang no sábado, dia 15 de abril de 2017.
Veículos militares carregando mísseis com a inscrição 'Pukkuksong' durante a parada militar em Pyongyang no sábado, dia 15 de abril de 2017. Reuters/路透社
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Para Washington, é simples: nem pensar em ver grandes cidades americanas ameaçadas por mísseis nucleares intercontinentais norte-coreanos. Só que para Kim Jong-Un, o programa nuclear militar é o único seguro de vida para o regime totalitário do país. Há anos que a Coreia do Norte vem aprimorando suas armas atômicas e ameaçando uma “guerra nuclear total”.

A recente e alucinante parada militar em Pyongyang, digna dos tempos do nazismo ou do stalinismo, foi a última “banana” do regime ao resto do mundo numa longa série de agressões localizadas, de lançamento de mísseis em direção do Japão ou da Coreia do Sul e de testes de bombas nucleares violando abertamente as decisões da ONU.

O problema para a ditadura hereditária da família Kim é que, até hoje, ninguém “pagou para ver”. Desta vez, parece que a administração americana – e os generais que conseguiram enquadrar Donald Trump – estão dispostos a botar o cacife na mesa.

Para as autoridades chinesas, é um pesadelo. Pequim não morre de amores pelos malucos no poder em Pyongyang, mas sempre se apavorou com a perspectiva de um desmoronamento repentino do regime.

Pequim em uma “sinuca de bico”

A Coreia do Norte, apesar de seu poderio militar, é um Estado falido, com boa parte da população vivendo na miséria. A primeira consequência de uma queda do governo seriam milhões de refugiados fugindo para o território chinês. Pior ainda do ponto de vista geopolítico: o fim da ditadura Kim levaria à reunificação das duas Coreias, criando um Estado bastante poderoso, aliado dos Estados Unidos, encostado na fronteira chinesa.

Daí as hesitações de Pequim que nunca tentou, de verdade, acalmar os ânimos do vizinho coreano. Só que desta vez, os dirigentes chineses ficaram numa sinuca de bico. Ou ajudam seriamente a desmantelar o programa nuclear da dinastia Kim, ou arriscam uma intervenção americana na região. Trump não é Obama.

O bombardeio de uma base aérea do governo sírio com cinquenta mísseis de cruzeiro e o lançamento no Afeganistão da maior bomba convencional jamais produzida, demonstrou sem rodeios que a nova Casa Branca estava a fim de intervir quando achasse necessário. E intervir pesado.

Não é por nada que Donald Trump também anunciou que os chineses estão agora colaborando seriamente na procura de uma solução. Acrescentando descaradamente que era isso ou ter que enfrentar uma guerra comercial por parte de Washington.

Moscou na linha de mira de um “papo sério” sobre Síria

Além disso, o chefe do Conselho Nacional de Segurança americano, o general McMaster, deixou claro que não se trata só da China e que chegou a hora de ter um papo “duro” com Moscou para acabar com a guerra na Síria.

O programa nuclear de Pyongyang e a possibilidade de um conflito militar na península coreana é um problema para o mundo inteiro. O primeiro perigo é desencadear uma corrida aos armamentos atômicos com o Japão e a Coreia. Juntando o poderio nuclear chinês, é muita bomba atômica concentrada numa só região.

A Rússia, que também é uma potência nuclear, está cada vez mais preocupada com a sua costa oriental, onde Vladivostok é um porto chave para seus submarinos no Pacífico. Mas o perigo principal é que um aumento da tensão, ou uma guerra aberta, simplesmente destruiria as economias da Ásia-Pacífico, um dos principais pilares da economia mundial.

A crise financeira global dos últimos anos seria só um aperitivo. Nesse pôquer geopolítico planetário, o novo poder americano decidiu mostrar que tinha muito cacife. Quem estava blefando – Putin, Xi-Jinping, Kim Jong-Un ou Assad – vai ter que mostrar as cartas.

 

 

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