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Brasil-Mundo

Brasileira promove ações pela paz entre palestinos e israelenses

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Um futuro diferente, de entendimento e paz. É isso que busca a historiadora brasileira Ruayda Hussein Rabah, de 47 anos, que está se destacando na Palestina por promover ações em prol do diálogo entre israelenses e palestinos tanto dentro da comunidade brasileira quanto em sua própria cidade.

A ativista palestina-brasilera Ruayda Hussein Rabah
A ativista palestina-brasilera Ruayda Hussein Rabah Daniela Kresch
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Daniela Kresch, correspondente da RFI em Israel

Ruayda atua, há dois anos, como presidente do Conselho de Cidadãos Brasileiros na Palestina, uma comunidade que conta com cerca de cinco mil pessoas. Ela costuma, entre outras coisas, receber visitantes brasileiros para mostrar a realidade da Palestina, mas sempre buscando enfatizar que a solução para o conflito com Israel deve passar, antes de mais nada, pelo diálogo e a compreesão mútua.

“Nós geralmente saímos, visitamos cidades, visitamos campos de refugiados”, conta Ruayda à RFI. “Onde a gente vai, tentamos levar um pouco mais de conhecimento para as pessoas e mostrar também para a população daqui que existe uma outra solução. Geralmente recebemos brasileiros que vêm do exterior, mas eu também recebo alguns amigos israelenses que não gostam que comentem que estiveram aqui porque sofrem represálias.”

Filha de pais palestinos naturalizados brasileiros, Ruayda nasceu em Toledo, no Paraná, onde estudou História na Universidade Estadual de Maringá. Em 1999, decidiu, com apoio do marido, morar na Palestina. Ela tem três filhos.

Mensagem de paz

Adaptada e apaixonada pela população local, decidiu integrar o Conselho de Cidadãos de Kobar, vilarejo onde mora, na Cisjordânia. O objetivo do trabalho – paralelo à sua atividade com os brasileiros – é o de ajudar a população local como um todo, sempre de olho numa mensagem de paz e ajuda ao próximo.

“A gente faz palestras para mulheres e para pessoas mais jovens, tentando tirar os jovens das ruas para que eles joguem bola, para que eles aprendam a tocar algum instrumento musical, para que eles tenham algum outro objetivo na vida", explica a brasileira. “Também dou aulas de português e, durante essas aulas, nós falamos do povo, da situação na política internacional, da política nacional, e assim a gente vai levando um pouco mais de consciência às pessoas”.

A ideia de trabalhar com a comunidade surgiu depois que a brasileira passou por situações nada simples na Palestina. Em 2003, no auge da Segunda Intifada, revolta palestina contra Israel, ela deu à luz seu segundo filho na cidade palestina de Beit Sahour. Mas, como não tinha ainda um documento de identidade palestino, enfrentou problemas num posto de controle militar israelense para poder voltar a Batir, o vilarejo onde morava, próximo a Belém. Recém operada de uma cesariana, ela teve que andar quilômetros para conseguir entrar em Batir por outro caminho.

Dois anos depois, grávida novamente, inalou gás lacrimogêneo num confronto entre palestinos e israelenses. A criança nasceu doente e faleceu com apenas 49 dias.

“Apesar de eu ter passado por esses dois problemas, que eu jamais vou me esquecer, nunca tive ódio, nunca tive raiva do que tinha acontecido. Mas muito me doía ver que ambas as sociedades estavam sofrendo com coisas que não foram elas que escolheram”, diz Ruayda. "Foi isso que me levou a procurar pessoas que haviam sofrido como eu sofri, começar a ver qual era o ponto de vista delas para mudar um pouco, para aliviar um pouco a dor. Dizer que é possível mudar, mas de uma outra maneira”.

Trabalho comunitário encontra resistência 

O trabalho comunitário de Ruayda esbarra, por vezes, em resistências de quem não concorda com seu caminho de buscar o diálogo mesmo em meio às adversidades. Mas a historiadora paranaense considera que tentar buscar soluções pacíficas na Palestina é uma causa suficientemente importante. Até porque, segundo ela, os dois povos, tanto o palestino quanto o israelense, querem acima de tudo a paz. Principalmente os mais afetados pelo conflito.

"A princípio, quando encontrei alguma resistência, aliás muita resistência, eu comecei a perceber que a resistência não vinha das pessoas que sofreram com consequências da ocupação. Vem de pessoas que, muitas vezes, se beneficiam da ocupação. Essa é a parte mais triste. Porque as pessoas que sofrem querem o diálogo. Mas pessoas que se beneficiam não querem”, analisa a ativista brasileira.

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