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Livres de ataques, sírios de Damasco sofrem agora com falta de água e combustível

Novas negociações entre as autoridades do governo sírio e representantes de grupos rebeldes devem ocorrer nesta quinta e sexta-feira, em Astana, no Cazaquistão, antes de mais uma rodada de discussões oficiais previstas para a semana que vem, em Genebra. Mas para os moradores de Damasco, as negociações de paz parecem um sonho bem distante. Apesar da relativa calmaria vivida nas últimas semanas, a capital síria sofre com a falta de água e combustível cada vez mais frequente.Com informações do enviado especial da RFI a Damasco, Daniel Vallot.

Moradores de Damasco carregam garrafão de água nas ruas da capital.
Moradores de Damasco carregam garrafão de água nas ruas da capital. REUTERS/Ali Hashisho
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Apesar do cessar-fogo estabelecido entre uma parte dos grupos rebeldes e o regime de Bachar Al-Assad em dezembro do ano passado, as condições de vida continuam deploráveis tanto nas zonas controladas pela rebelião, como em Damasco.

Na capital do país, uma fila de carros se estende por centenas de metros. Soldados do regime tentam organizar o trânsito, em um posto de gasolina situado no centro da cidade. Nos últimos dias, tornou-se muito difícil conseguir gasolina. "Já faz uma hora e meia que eu espero”, diz o aposentado, chateado com o engarrafamento monstruoso que se formou. “Metade dos postos está sem combustível e eu tenho que esperar mesmo. É culpa da guerra e das sanções às quais nós somos submetidos”, diz ele.

No mercado negro, o preço da gasolina subiu: entre duas e três vezes o valor normal. Os moradores de Damasco precisam do combustível para se locomover, mas também para ligar os geradores elétricos quando a energia é cortada. “Faz três messes que não temos mais energia elétrica em casa”, conta um motorista de táxi, que mora na periferia de Damasco, uma região que foi retomada recentemente pelo governo. “Para se aquecer, nós utilizamos o fogo a lenha e, para o resto, um gerador. É muito difícil”, lamenta.

No posto de gasolina, cada pessoa só pode comprar até 20 litros de gasolina. Uma medida estabelecida pelo governo para evitar uma pane total de abastecimento na capital do país.

Falta de água

Além da penúria de combustível, falta água potável com frequência na capital. E isso apesar de o regime ter retomado, há cerca de duas semanas, duas importantes fontes de água, localizadas em Wadi Barada, a 15 km de Damasco. Por enquanto, o governo não conseguiu normalizar o abastecimento. Em alguns bairros, a água permanece cortada durante a maior parte do tempo, e, às vezes, é preciso esperar três dias para ser abastecido durante apenas algumas horas.

Paradoxo entre segurança e dificuldades do dia-a-dia

Se a vida diária em Damasco parece mais difícil a cada dia, a situação militar tem mudado em favor do governo de Bachar Al-Assad, nos últimos meses. O reflexo é um sentimento de maior segurança por parte dos moradores de Damasco. No centro da cidade não há mais lançamento de foguetes ou ataques como era o caso anteriormente.

Apesar dessa calmaria, as condições de vida estão mais difíceis, até mesmo nas regiões controladas pelo regime, onde a vida segue em relativa segurança, em comparação com as trágicas circunstâncias vividas pelos sírios das regiões sitiadas.
 

O paradoxo da capital de um país em guerra. Damasco, 28 de janeiro de 2017.
O paradoxo da capital de um país em guerra. Damasco, 28 de janeiro de 2017. REUTERS/Ali Hashisho

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