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Linha Direta

China deve manter desempenho econômico apesar de Trump

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A China anuncia esta semana em Pequim o desempenho da sua economia em 2016. A estimativa é de que o PIB chinês tenha crescido 6,7%. O valor é alto para padrões internacionais, mas evidencia que o país já não tem mais o fôlego das últimas décadas, quando crescia acima de 10% ao ano. Mas isso não é necessariamente ruim. A China pode crescer menos, mas tem desafios para resolver para manter a economia em expansão.

A China tenta fixar sua posição como líder mundial do comércio ante um cenário incerto nos Estados Unidos, depois que Trump prometeu durante a campanha erguer barreiras protecionistas.
A China tenta fixar sua posição como líder mundial do comércio ante um cenário incerto nos Estados Unidos, depois que Trump prometeu durante a campanha erguer barreiras protecionistas. REUTERS/Thomas Peter
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Vivian Oswald, correspondente da RFI em Pequim

A estimativa é que a economia tenha crescido 6,7 %. O valor está ligeiramente abaixo dos 6,9% registrados em 2015, que tinha sido o pior dos últimos 25 anos. O resultado mostra que o ritmo está desacelerando aos poucos, como previsto e como anunciado pelo próprio governo, quando fala em "novo normal", mas que o país continua crescendo acima da média mundial, o que é bom. Vale lembrar que a meta do governo é de crescimento em 6,5% e 7%.

Apesar de continuar crescendo acima da média mundial, a China está no foco dos mercados esse ano. Muitos acreditam que a perda de velocidade da segunda maior economia do mundo, um dos motores da economia do planeta, acabe afetando os outros países. É interessante notar o que aconteceu com a China desde que crescia a dois dígitos para cá. Hoje, o país é responsável por 10% do crescimento mundial. Quando crescia a 10% ao ano, não era. Isso significa que é uma economia cada vez maior, por isso, é tão difícil crescer o mesmo que antes. A base para se calcular essa expansão é cada vez maior. Mas o país quer continuar crescendo.

Era Trump representa um desafio

A China tem uma imensa dívida para resolver e reformas importantes por fazer. Outro fator que deve pesar para a China esse ano é a nova relação com os Estados Unidos de Trump daqui para frente. Ele já disse que vai declarar oficialmente que os chineses manipulam o câmbio e ameaçou aumentar em até 45% os tributos sobre as exportações chinesas que desembarcam em solo americano.

Para analistas, as duas medidas não devem afetar a economia chinesa no médio prazo, até porque ela vem dependendo cada vez menos do comércio exterior para se expandir. Além disso, acredita-se que qualquer uma dessas duas medidas devam prejudicar os próprios americanos. Mas tudo isso é fator de estresse a ser acompanhado com lupa pelos investidores.

EUA compram mais do que vendem

Os americanos têm comprado sistematicamente mais da China, do que os chineses deles. De janeiro a novembro de 2016, o saldo negativo na balança comercial entre os dois países favorecia a China em US$ 319,3 bilhões. Em 1996, o deficit não passava de US$ 39,52 bilhões. Mas isso não quer dizer que os Estados Unidos saíram perdendo necessariamente nestas duas últimas décadas.

A verdade é que o comércio entre os dois países cresce como nunca. Em 20 anos, as exportações americanas para a China passaram de US$ 11,99 bilhões em 1996 para US$ 104,14 bilhões de janeiro a novembro de 2016. Ou seja, um aumento de nada menos que 768,6%. O percentual é superior ao aumento das exportações chinesas para os Estados Unidos, que saíram de US$ 51,51 bilhões em 1996 para US$ 423,43 bilhões, no período, ou 707,9% a mais.

A China ainda não sabe o que esperar de Trump. Os primeiros sinais vindos dos Estados Unidos não foram bons. Mas os dois países sabem que precisam ter uma boa relação. Não apenas comercial, mas política. Até mesmo para lidar com questões mundiais de extrema relevância.

 

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