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Trump ameaça acordo nuclear iraniano, um ano após sua entrada em vigor

Nesta segunda-feira (16) faz um ano que o entrou em vigor o histórico acordo sobre o programa nuclear iraniano. Um acordo que agora está ameaçado com a chegada à Casa Branca de Donald Trump, hostil ao pacto.  

Donald Trump vem repetindo que vai anular o acordo, que define como "horrível"
Donald Trump vem repetindo que vai anular o acordo, que define como "horrível" REUTERS/Shannon Stapleton
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Em 16 de janeiro de 2016, grande parte das sanções internacionais impostas ao Irã foram revogadas em troca de restrições ao programa nuclear da República Islâmica, disposições previstas no acordo assinado seis meses antes entre Teerã e seis potências mundiais (Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha).

O primeiro aniversário do acordo, nesta segunda-feira (16), ocorre na mesma semana da posse do novo presidente americano, Donald Trump, prevista para a sexta-feira (20). Durante a campanha, Trump prometeu anular o acordo, e recentemente voltou a qualificá-lo de "horrível". Além disso, seu gabinete contará com personalidades abertamente anti-Irã, como o futuro secretário de Estado, Rex Tillerson, que quer uma "revisão completa" do acordo.

"Os Estados Unidos fizeram tudo que puderam para atrasar os avanços do Irã" após o acordo, e sua "hostilidade aumenta a cada dia", afirmou no domingo Abas Araghchi, vice-ministro das Relações Exteriores que foi chefe dos negociadores iranianos do pacto. Mas seja "Obama ou Trump", o presidente dos Estados Unidos "é obrigado a anular as legislações contrárias" ao acordo, garantiu.

Futuro do acordo nuclear iraniano

Os especialistas não preveem, porém, uma anulação do acordo, que levou anos de complicadas negociações para ser alcançado e até mesmo o primeiro-ministro israelense,Benjamin Netanyahu, e os 'falcões' americanos dizem que não se deve fazer isso", afirmou Naser Hadian, professor de relações internacionais da Universidade de Teerã. Segundo este especialista, haverá um reforço das sanções americanas vinculadas aos direitos humanos no Irã, ao seu apoio ao "terrorismo" no Oriente Médio e ao seu programa balístico.

Uma eventual ação de Trump contra o acordo nuclear chocaria com a oposição dos países europeus, da Rússia e da China, que se declaram satisfeitos com sua implementação. O vice-ministro do Petróleo iraniano, Amir Hosein Zamaninia, destacou no domingo (15) que o acordo teve "resultados significativos para o país" mas "não transformou os Estados Unidos em amigo do Irã". Segundo o ministério, em nove meses o Irã dobrou suas exportações de petróleo e gás, o que levou à entrada de 29 bilhões de dólares no país.

A suspensão das sanções também permitiu atrair grandes grupos internacionais, como o anglo-holandês Shell e, no setor automotivo, os franceses PSA e Renault. Mas para a população, a situação não melhorou. A inflação foi reduzida a menos de 10%, mas o desemprego voltou a crescer e já chega a 12,7% da população ativa, 27% entre os jovens com menos de 29 anos.
 

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