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Turquia/Atentados

Turquia detém membros de partido pró-curdo em represália a atentados em Istambul

A polícia da Turquia prendeu nesta segunda-feira (12) cerca de 235 membros da sigla pró-curda de oposição Partido da Democracia dos Povos (HDP). Os presos são acusados de "divulgar propaganda de um grupo terrorista e de dar apoio ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK)", declarou o ministro do Interior, Suleyman Soylu.

Mehmet Capat (esq.), pai de Yakup Capat, um policial turco morto em uma das explosões no sábado, chora abraçado ao caixão do filho durante funeral nesta segunda-feira (12), em Istambul.
Mehmet Capat (esq.), pai de Yakup Capat, um policial turco morto em uma das explosões no sábado, chora abraçado ao caixão do filho durante funeral nesta segunda-feira (12), em Istambul. REUTERS/Umit Bektas
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A onda de repressão aos opositores curdos é uma represália do governo ao duplo atentado suicida de sábado (10), ao final de uma partida de futebol do clube Besiktas, em Istambul. As explosões deixaram 44 mortos, incluindo 36 policiais, e 166 feridos, segundo novo balanço oficial.

O duplo atentado foi reivindicado pelo grupo radical Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), uma dissidência do PKK. Considerado uma organização terrorista, o PKK retomou a luta armada contra o governo em 2015, após dois anos e meio de trégua.

O HDP é uma legenda legalizada e segunda força política no Parlamento turco. As autoridades de Ancara justificam as detenções de seus membros alegando que "eles pertencem" ao PKK. Entre os presos, hoje, estão os chefes dos comitês do HDP em Istambul, Aysel Guzel, e em Ancara, Ibrahim Binici, segundo a agência pró-governamental Anadolu.

Além das represálias na Turquia, o exército turco atacou posições de rebeldes curdos no norte do Iraque, alegando se tratar de "membros de uma organização separatista terrorista".

A onda de atentados do último ano no país abriu uma crise no setor do turismo, vital para a economia. 

Imprensa aponta sede de vingança de Erdogan

A cada novo atentado contra policiais e militares ou movimento da oposição, o presidente islâmico conservador Recep Tayyp Erdogan aproveita o clima de comoção nacional para marginalizar os pró-curdos das instituições do país. Em novembro, o líder do HDP, Selahattin Dermitas, e uma dezena de deputados já tinham sido presos, apontados por envolvimento no golpe de Estado frustrado de julho passado. Eles respondem a processos judiciais por complô contra o Estado.

Nesta manhã, 500 policiais, veículos blindados e helicópteros foram mobilizados para prender os membros da oposição. Os militantes do partido foram surpreendidos em suas casas, ao amanhecer.

Em tribunas publicadas no jornal Hurriyet, editorialistas criticam a política do governo, que estaria mais focalizada em uma espécie de vingança contra os curdos do que preocupada em estabelecer uma estratégia eficiente para evitar novos ataques. Já o jornal pró-governo Daily Sabah acusa os Estados Unidos e a União Europeia de imobilismo na luta contra o PKK.

O estado de emergência, em vigor no país desde o golpe fracassado de julho passado, confere às autoridades poderes excepcionais.

Explosões quebram janela do Consulado do Brasil

Na noite de sábado, um carro explodiu perto do estádio do clube de futebol Besiktas, em um bairro muito movimentado de Istambul. Cerca de um minuto mais tarde, um homem detonou seus explosivos perto de um grupo de policiais em um parque vizinho.

A deflagração foi tão forte que chegou a atingir a portaria do edifício onde fica o Consulado do Brasil em Istambul. Uma janela da missão diplomática brasileira sofreu uma fissura.

As autoridades consulares informaram à RFI que não há brasileiros entre os mortos e feridos no duplo atentado.

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